Inpe divulga primeiras imagens do satélite brasileiro que vai monitorar desmatamento na Amazônia

Registros têm resolução espacial de 66 metros. (Reprodução/Inpe)

15 de março de 2021

07:03

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou, nesta semana, as primeiras imagens feitas pelo satélite Amazônia-1, o primeiro 100% brasileiro. O satélite, que deve auxiliar principalmente no combate ao desmatamento na Amazônia, tem uma alta taxa de revisita e apresenta imagens claras de resolução do espaço.

O Inpe informou que recebeu as primeiras imagens do Amazônia-1 no último dia 3 de março. Os registros a seguir têm resolução espacial de 66 metros:

Composição colorida mostrando a Reserva Nacional de Vida Silvestre Amazônica Manuripi-Heath, na Bolívia (Reprodução/Inpe)

Amazônia Legal

O Amazônia 1 também vai monitorar a agricultura em todo o território nacional com alta taxa de revisita – a capacidade de coleta de imagens para um mesmo local em um curto intervalo de tempo – buscando atuar em sinergia com os programas ambientais existentes.

Composição colorida mostrando a região metropolitana do Rio de Janeiro e seu entorno (Reprodução/Inpe)

Segundo o especialista em meio ambiente, Ricardo Ninuma, cálculos indicam que será preciso seis dias para cobrir a Amazônia Legal. “Nos meus cálculos, precisará de seis dias para cobrir a Amazônia, pois a faixa de cobrimento é de 850 quilômetros e a órbita do satélite é perpendicular a Linha do Equador. Esses seis dias abrange a cobertura do ponto mais a leste do Estado do Maranhão até ao ponto mais a oeste do Estado do Acre”, destacou o especialista, que é engenheiro agrimensor há quase 40 anos.

Cor real mostrando a região metropolitana de São Paulo e seu entorno (Reprodução/Inpe)

Ainda segundo Ninuma, as configurações do satélite são suficientes para o trabalho que se propõe. “Ele possui sensores capazes de detectar imagens sem muitas interferências climáticas. Para monitorar desmatamentos é suficiente, mas ineficiente para queimadas. Quanto à proposta de resolução temporal de 5 em 5 dias é suficiente. Quanto à resolução espacial, para fins de monitoramento ao desmatamento, também é suficiente”, destacou Ninuma.

Revisita

Para o doutor em Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica, André Luiz Mendonça, além do benefício da participação do Brasil na construção de um satélite próprio, também é importante, para a Amazônia, a questão da revisita. Enquanto satélites americanos e europeus têm taxas de 10, 12 ou até 15 dias, o satélite brasileiro promete cinco dias de taxa.

Cor verdadeira mostrando ao município de Ibotirama, BA, o Rio São Francisco, e entornos (Reprodução/Inpe)

“Isso é muito útil, porque a gente pode acompanhar processos com maior agilidade, por exemplo, para você fazer determinados tipos de fiscalizações. Pelo fato dele também ser pensado para cá, você consegue fazer com que, sob necessidade, tenha uma revisita ainda menor, de dois em dois dias”, destacou Mendonça.

Lançamento

Cor verdadeira mostrando o reservatório de Sobradinho, Rio São Francisco, e seu entorno (Reprodução/Inpe)

O equipamento foi lançado na madrugada do dia 28 de fevereiro no Centro de Lançamento Sriharikota, na Índia. Com 4 metros de comprimento e 640 kg, o Amazônia 1 deve ficar a 752 quilômetros acima da superfície da Terra em uma órbita entre os polos norte e sul.

Do espaço, ele manda o sinal para três estações de monitoramento no Brasil: uma em Cuiabá, em Mato Grosso; a outra em Alcântara, no Maranhão; e a terceira em Cachoeira Paulista, interior de São Paulo. Todos os movimentos do satélite são coordenados de uma outra estação, que fica no Inpe.