Almir e Txai Suruí destacam importância da educação no processo de formação de povos indígenas

Almir e Txai Suruí no programa Roda Viva (Reprodução/ Nadja Kouchi)

30 de novembro de 2021

13:11

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um dos maiores líderes indígenas do Brasil, Almir Suruí, e a filha, Txai Suruí, foram os entrevistados do programa “Roda Viva” da TV Cultura, nessa segunda-feira, 29. Durante o programa, as duas personalidades tiveram a oportunidade de falar sobre a importância da educação no processo de formação desses povos indígenas, além de relatar sobre os ataques que esse grupo vem sofrendo diariamente.

Txai conta que, atualmente, mora em Porto Velho, capital de Rondônia, para conseguir estudar. “Hoje eu faço Direito e trago ele como um instrumento de luta na defesa dos povos indígenas e tento sempre conciliar essa educação. A sabedoria do povo tradicional, do meu povo, que meu pai trouxe para mim, e que eu pude levar para o mundo, de saber ouvir e escutar a natureza e essa formação também que eu trago da universidade”, detalhou.

Líder indígena, Txai Suruí abriu discurso na abertura da COP26. (Reprodução/ Nadja Kouchi)

A líder explicou também que, com o formação da universidade, ela tem a oportunidade de ajudar outro povos além do seu povo. “Eu tive o prazer de visitar essas terras e de ver um pouco dessa cultura e de aprender muito com essas culturas que são diferentes, pois as pessoas acham que os povos indígenas são todos iguais quando, na verdade, cada um tem a sua própria cultura, tem a própria autonomia, tem a própria história”, relatou.

Sobre o assunto, Almir comenta ainda que, para conscientizar essa luta, o povo Paiter Suruí está criando uma universidade indígena. “Nós estamos querendo que pessoas não-indígenas também aprendam da sabedoria da floresta e para fazer esse compartilhamento de informações e experiências. Então, como liderança, como pai, dentro da nossa cultura nós temos responsabilidade de preparar os nossos filhos sobre a consciência de ver o mundo como realmente é”, salientou.

Cacique Almir Suruí. (Reprodução/ Nadja Kouchi)

Cultura

Questionada sobre o engajamento da sociedade por meio da cultura, Txai reafirma que as mudanças climáticas afetam todo mundo, mas que é um diálogo que as vezes parece muito longe da sociedade. “A gente precisa fazer esse diálogo ser acessível para todo mundo, de fato, todo mundo deveria estar falando sobre as mudanças climáticas, sobre meio ambiente, sobre povos indígenas. Então a gente precisa trazer e fazer ser cada vez mais acessível e eu acho que não tem uma forma melhor do que isso, do que por meio da cultura e da arte. E foi por isso que eu trouxe Racionais ao meu discurso na COP26, pois música é arte, música é cultura e ninguém chega melhor nas pessoas do que eles que tem esse poder de transformação do diálogo”, explicou.

Veja a entrevista completa: