Alta inflação e aumento no desemprego desestimulam consumidores na Black Friday 2021

Registro mostra rua de comércio em São Paulo. (Divulgação)

24 de novembro de 2021

10:11

Karol Rocha – Da Revista Cenarium

MANAUS – A dois dias da ‘Black Friday’, os consumidores brasileiros demostram cautela na hora de pensar na compra de itens. Exemplo dessa incerteza, é a queda de 1,4 ponto do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em novembro, para 74,9 pontos, menor valor desde abril (72,5). O ICC é calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) e foi divulgado na manhã desta quarta-feira, 24, pela instituição.

Para economistas amazonenses, a alta inflação, o aumento do desemprego e as incertezas que ainda trazem pandemia da Covid-19 são as principais causas para as desconfianças desses consumidores. “Não podemos nos esquecer que estamos em recuperação de uma crise econômica que deixou mais de 15% de amazonenses desempregados e reduziu a renda de muitos outros. Cerca de 49,7% da população vive abaixo da linha da pobreza. Então, eu diria que prudência, agora mais do que nunca, virou mandatória”, aconselhou a economista e vice-presidente do Conselho Federal de Economia, Denise Kassama.

Denise Kassana em seu trabalho. (Arquivo pessoal)

De acordo com o economista, Bruno René da Silva Barroso, as vendas nesta Black Friday serão menores em relação aos anos anteriores. “Devido à inflação e à diminuição da renda do trabalhador, chegando praticamente a 10% em 12 meses, fará um impacto negativo nas vendas, que já caiam a dois meses consecutivos”, disse ele, citando dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Evitar novas dívidas é a dica

Ainda segundo Denise Kassama, o propósito da Black Friday é legítimo. Ela destaca que a ocasião é um marco para as vendas natalinas e quem souber pesquisar bem, encontrará preços atrativos, no entanto, segundo a especialista, é importante ter cautela no momento da compra, para evitar que novas dívidas sejam contraídas. “A crise nos tornou mais espertos e prudentes, focando no que é prioritário. Por exemplo, a pessoa diz: Ah, minha TV está velha, mas ainda dá para o gasto e neste momento de incertezas não acho prudente contrair essa dívida. Mas se tiver alguma promoção de carne, me avise, sabe, assim? É preciso saber diferenciar prioridades”, finalizou.

Confiança atinge menor índice

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) teve uma queda de 1,4 ponto em novembro, para 74,9 pontos, em uma escala de 0 a 200 pontos, menor valor desde abril (72,5). Em médias móveis trimestrais, o índice se manteve em queda ao cair -2,3 pontos para 75,5 pontos, sendo o terceiro mês consecutivo de queda.

Em novembro, o ICC foi influenciado por piora tanto na avaliação da situação corrente quanto das expectativas. O Índice de Situação Atual (ISA) diminuiu 2,1 pontos, para 66,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) caiu 1,0 ponto, para 81,4 ponto.