Amazonas tem a menor taxa de transmissão do coronavírus entre os Estados brasileiros

A constatação foi feita com base nos dados da plataforma Loft Science, utilizada por pesquisadores para traçar estratégias de combate à Covid-19 (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

11 de maio de 2021

15:05

Ana Carolina Barbosa

MANAUS – O Amazonas tem, atualmente, a menor taxa de transmissão do novo coronavírus entre as unidades federativas, com um Rt (número de reprodução eficaz) de 0.90, aponta a plataforma Loft Science, utilizada por pesquisadores para ajudar a traçar estratégias de combate à pandemia da Covid-19.

Na prática, significa afirmar que cada 100 pessoas contaminadas têm capacidade para transmitir para outras 90. O número é 30,7% menor que o registrado durante o segundo pico da pandemia no Estado, ocorrido entre janeiro e fevereiro de 2021, quando a velocidade de transmissão estava acelerada.

O Rt muda de forma dinâmica, considerando, por exemplo, fatores o comportamento da população e as medidas utilizadas na quarentena, como o uso da máscara, distanciamento social etc. O recomendável para a desaceleração da transmissão é que ele fique abaixo de 1, contexto em que o Amazonas se enquadra hoje. No Brasil, por exemplo, a taxa Rt, hoje, é de 1.01, portanto acima do indicado. A atualização é feita pelo Loft Science em tempo real.

Taxa de transmissão do vírus (Divulgação/Loft Science)

O Estado com a maior taxa Rt é o Rio de Janeiro, com 1,22 (cada grupo de 100 contaminados tem capacidade para infectar outros 122). A desaceleração na transmissão no Amazonas, que em janeiro enfrentou um aumento exponencial de casos e óbitos por Covid-19, se deu após a adoção de medidas restritivas, como toque de recolher e suspensão temporária de serviços não essenciais, de modo a reduzir as aglomerações – especialmente na capital, Manaus – e diminuir também a pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e unidades privadas, que chegaram a 100% de taxa de ocupação de leitos.

Segundo autoridades em saúde, o aumento no contágio sofreu influência direta de uma nova variante brasileira, identificada, inicialmente, em Manaus, e que hoje é a predominante no restante do País. Batizada de P.1, a cepa foi identificada pela Fiocruz Amazônia (Fundação Oswaldo Cruz – Instituto Leônidas e Maria Deane), em novembro de 2020. À época, foram sequenciadas as primeiras amostras que apontaram a presença da variante no Estado. Hoje, ela é considerada mais contagiosa e letal, conforme afirmam instituições como o Ministério da Saúde (MS).

A Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) tem sido incisiva em afirmar que mesmo com a redução na taxa de transmissão, não é hora de relaxar os cuidados. Responsável por compilar os dados da pandemia no Amazonas, a instituição, vinculada ao governo do Estado, destaca frequentemente a necessidade de se manter as medidas preventivas, como o uso da máscara facial, a higienização das mãos e, especialmente, o distanciamento social, apoiado também pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das principais formas de se conter a disseminação do vírus.