28 de outubro de 2021
20:10
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS – As redes sociais foram “bombardeadas”, nesta semana, com diversas publicações sobre uma suposta ameaça feita por organizações criminosas a postos de combustíveis de Manaus. Na mensagem que repercutiu não apenas nas redes, mas também em veículos de imprensa nacionais, a facção estabelece o prazo de uma semana para que os proprietários destes estabelecimentos reduzam o valor da gasolina vendida na cidade.
“O Comando pede para que os safados dos cartéis de postos baixem o preço da gasolina. Estamos dando o prazo de uma semana, estamos do lado dos nossos irmãos que estão sendo prejudicados. Se não [cumprirem a ordem], vamos botar o trem na rua e colocar fogo em postos de gasolina e caminhões”, declara a facção criminosa na mensagem.
Repercussão e posicionamento
Na internet são vários os comentários em torno do assunto, com publicações tecendo críticas ao governo federal. “O problema está em Brasília”, “Mais efetivo que o governo federal” e “Essa notícia precisa estar nos livros de história para emoldurar esse governo” são algumas das opiniões que integram a extensa lista de mensagens dos internautas sobre as ameaças da facção.
A CENARIUM questionou a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) sobre a veracidade das ameaças e se há algum trabalho que reforce a segurança no entorno dos pontos de abastecimentos da cidade. Em nota, a SSP informou que, por hora, não vai se pronunciar sobre o assunto.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Lubrificantes, Álcool, e Gás Natural do Estado do Amazonas (Sindicombustíveis) informou que “não há qualquer posicionamento, tendo em vista que até o momento não foi confirmado qualquer veracidade”. O sindicato acredita que a suposta mensagem se trata de fake news.
Constantes aumentos
Somente neste ano, é a 11ª vez que o preço da gasolina sofre aumento, acumulando uma alta de 73%. O litro passa de R$ 2,98 para R$ 3,19 nas refinarias. Em Manaus, o preço final pago pelo consumidor é R$ 6,59. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC), a gasolina é o produto que mais teve reajuste no preço em 2021.
Dentre os vários motivos alegados para os constantes aumentos do produtos, o Governo Bolsonaro afirma que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é o principal “culpado” pelos aumentos constantes. Em recente entrevista ao site UOL, a pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), Carla Ferreira, afirmou que os reajustes que incomodam e pesam no bolso do consumidor são consequências da política de preços da Petrobras, adotada em 2016.
Ela explicou que com o dólar em alta, os preços no Brasil também sobem. “É claro que, como o ICMS é um percentual sobre o preço final, quando o preço sobe, a arrecadação aumenta. Mas ele não é o vilão das altas de agora. A grande questão é esse preço que sai da refinaria, que vem da política de paridade de importação”, explicou Ferreira.
Ataques
No primeiro fim de semana do mês de junho deste ano, Manaus sofreu uma onda de ataques desencadeada pela morte de um traficante conhecido como “Dadinho”, pertencente a uma facção criminosa. A época, a informação foi confirmada pelo então secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, que afirmou ainda que a ordem para os ataques partiu de dentro de um presídio.
No interior do Estado, criminosos tentaram atear fogo em delegacias nos municípios de Careiro Castanho e Parintins. 17 veículos, sendo sete ônibus, foram incendiados. Ninguém ficou ferido nas ações, porém uma ambulância foi atacada por criminosos e os ocupantes foram roubados.
Na ocasião, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) divulgou nota de repúdio contra o ocorrido. Por conta do cenário, o serviço de transporte coletivo foi interrompido.
“A violência das ações, aparentemente de caráter terrorista, causou pânico nos operadores do serviço, pois há relatos de grupos encapuzados e armados praticando tais atos, sendo que, por isso, toda a frota foi recolhida. Atos dessa natureza, além de serem crimes de dano e ilícitos civis, visam disseminar o medo e inviabilizam o serviço essencial”, afirmava trecho da publicação.