Após aumento do preço do café, consumidores buscam alternativas para consumo na Amazônia

Café está mais caro no Pará. Alta no primeiro semestre foi de 5,92% (Danilo Alves/Cenarium)

27 de julho de 2021

11:07

BELÉM – A alimentação básica dos paraenses permanece entre as mais caras do País. No mês passado, conforme pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica custou R$ 518,53, comprometendo na sua aquisição cerca de 51% do atual salário-mínimo do trabalhador. Entre os itens que tiveram reajuste acima da inflação foi o café, com média de 5,92%. 

De acordo com o diretor do Dieese Pará, Roberto Sena, o preço do quilo do café consumido pela população do Estado, que foi comercializado em supermercados da capital no primeiro semestre deste ano, teve o aumento real de aproximadamente R$ 4 reais.

“Chegamos à seguinte constatação: em junho de 2020, o quilo do café foi comercializado em média nos supermercados da capital a R$ 16,88 e encerrou o ano passado sendo vendido a R$ 17,62. No início deste ano, a média de preços subiu para R$ 17,83. Já em abril, pulou para R$ 19,22. Nos últimos meses, o preço do cafezinho não sai por menos de R$ 20,58”, explicou Sena.

Pequenas torrefações preparam grãos especiais de café (Marcello Casal/Agência Brasil)

Efeito dominó

O diretor do Dieese também disse que o aumento do café ocorreu por conta do efeito dominó desencadeado pela alta dos combustíveis. “Quando a gasolina ou diesel aumentam, também cresce o preço do frete, e como nós exportamos a maioria dos produtos da nossa cesta de outros Estados, o café também sofre influência no preço final.

O consumidor já começou a sentir no bolso o quanto a refeição mais importante do dia tem ficado mais caro, principalmente o café. O dentista Diego Coelho, 25, contou que tomava a bebida em barracas de rua, devido à falta de tempo, mas fez as contas e refez a rotina para se adequar ao orçamento abaixo da inflação, que atualmente é de 3,95%.

O odontólogo Diego Coelho, 25, começou a diminuir o consumo de café por conta do preço mais caro do produto (Danilo Alves/Cenarium).

“Tudo está mais caro por conta da inflação. Nosso poder de compra está menor e por isso alternativas são necessárias. Por isso, eu decidi diminuir o consumo durante o dia e agora só tomo em casa para economizar, apesar de amar cafeína”, contou Coelho.

O economista João Xavier alertou para novos aumentos na cesta básica do Pará. O aumento do gás de cozinha pode fazer com que outras refeições consumidas fora de casa possam também ficar mais caras. “Tem restaurante self-service aqui em Belém que já parou de oferecer a bebida para seus clientes e daqui a pouco vão começar a aumentar o preço de suas refeições. A solução por enquanto é economizar o quanto puder”.