Artesã parintinense conquista o Brasil com acessórios regionais da marca Potyra

Rafaela Oliveira usando os acessórios da Potyra (Reprodução/Acervo pessoal)

28 de julho de 2021

09:07

MANAUS – Uma das grandes apostas de Rafaela Souza, artista parintinense, a marca Potyra vem conquistando o Brasil e o Amazonas. No mercado desde 2016, as peças artesanais confeccionadas por Rafaela e sua equipe levam parte da memória e cultura Nortista aos mais diversos cantos do País. Rafaela explicou que o empreendimento teve início em 2016 e, desde então, a Potyra tem se tornado cada vez mais conhecida.

Agora expondo seus produtos em Manaus, Rafaela produz colares e adereços tipicamente regionais. A mais recente coleção da artesã foi uma produção de colares de muraquitãs, amuletos indígenas em forma de sapo ou outros animais, nas cores azul e vermelho. Enquanto não inaugura seu ateliê na capital, os acessórios estão sendo vendidos na loja do Boi Garantido, no shopping Manauara, no bairro Adrianópolis.

Os acessórios confeccionados por Rafaela chegaram a ser usados por diversos artistas nacionais, como a apresentadora Luciana Gimenez, os cantores Jhonny Hooker e Caio Prado. A artesã explicou que, dessa forma, seu nome e o de sua marca foram chegando cada vez mais longe.

De Parintins a solos cariocas

Rafaela contou que a ideia do nome “Potyra” surgiu de seus amigos, que a chamavam assim. A artesã parintinense abriu a empresa logo quando apareceu a oportunidade de produzir peças para a escola de samba Beija-Flor.

“Quando um carnavalesco chamado Cristiano Bara foi a Parintins assistir ao festival, eu o conheci e ele conheceu meu trabalho com artesanatos. Ele pediu para eu fazer um protótipo para levar ao Rio de Janeiro, na época ele fazia parte da comissão da Beija-Flor. Eu fiz o protótipo de um colar todo trançado em macramê. Ele levou para o senhor Laíla, na época diretor de Carnaval, que gostou muito. Na época, seriam 150 colares, que eram para ser das passistas, mas o senhor Laíla gostou tanto que pediu para eu fazer a roupa completa”, contou Rafaela.

No lugar dos 150 colares que deveriam ser feitos, a proposta se tornou ainda mais audaciosa: 1.250 peças de roupas da ala das passistas foram confeccionadas por Juliana e uma equipe de artesãs no Amazonas e depois transportadas ao Rio de Janeiro. A parintinense afirmou que por mais difícil que seja, nunca perde uma oportunidade e este foi o primeiro passo para uma história de mudança e sucesso. A partir dali, a artesã foi contratada pela escola de samba Beija-Flor.

“Fui contratada pela Beija-Flor sendo a primeira mulher parintinense a estar na linha de frente de um trabalho, essa era uma área totalmente dominada pelos homens, as mulheres sempre estavam por trás dos bastidores. Então eu tive essa oportunidade e não perdi, agarrei essa oportunidade, esse desafio”, disse.

Neste contexto, Rafaela produziu outros acessórios e, inclusive, ganhou prêmios. Em 2018, foi atuar em São Paulo e, de lá, recebeu diversos convites para outros trabalhos. No mesmo ano, foi chamada para expor suas peças na Europa, um sucesso de vendas. Atualmente, assina a produção de figurino para o boi Garantido, no Amazonas, um momento histórico.

“Em 2018, eu recebi um convite para uma exposição na Europa. Minhas obras foram para lá e foram todas vendidas. Este ano [2020] eu iria presencialmente, mas por conta da pandemia ficou para setembro deste ano. Eu recebi o convite também neste ano o convite do boi-bumbá garantido para fazer parte dos figurinistas. Também a primeira mulher artista a assinar um figurino. Nunca teve uma mulher assinando nenhum item, para mim é uma grande honra, um grande privilégio. Sou muito agradecida pela oportunidade”, disse.

Para Rafaela, os espaços conquistados são importantes principalmente no contexto da pandemia, onde os artesãos foram um dos grupos mais afetados economicamente. “Nós artistas fomos os mais atingidos pela pandemia, então está sendo importante essa retomada da economia”, afirmou.