Associação indígena denuncia ataques de Bolsonaro na ONU ao Supremo Tribunal Federal

Entidade protocolou uma interpelação no STF para que o governo explique na Justiça "as mentiras que propaga" contra os povos indígenas (Reprodução/Internet)

22 de setembro de 2020

17:09

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) emitiu, nesta terça-feira, 22, nota pública com duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), após o político discursar na 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) e culpar os povos indígenas e comunidades tradicionais pelas queimadas na Amazônia. A entidade anunciou que denunciou os ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo articulação, uma interpelação foi protocolada para que o governo explique na Justiça “as mentiras que propaga”. A Apib também comunicou à ONU os ataques feitos aos povos indígenas.

Veja também: Após falar na ONU que índio e caboclo queimam florestas, Bolsonaro é chamado de ‘delirante’ e ‘cretino’

“O Governo e seus representantes não podem colocar alvos nas costas de lideranças, ativistas ou pessoas que lhes gerem qualquer incômodo em razão de seu posicionamento político, sob pena de, aí sim, cometimento de crimes que devem ser punidos”, enfatiza um dos trechos do documento que pode ser acessado na íntegra aqui.

Para a organização, ao culpar os povos indígenas e comunidades tradicionais pelas queimadas na Amazônia, o presidente consolida a “mentira como política de governo durante a Assembleia Geral da ONU”.

A articulação disse que Jair Bolsonaro distorce a realidade para vender a imagem “de um Brasil que não existe”. “A principal ferramenta de Bolsonaro é a mentira”, rebate a Apib.

A entidade disse ainda que as alegações de Bolsonaro pretendem atribuir ao seu governo por ações que não foram de sua responsabilidade, como o auxílio emergencial. A crítica da Apib, neste quesito, se dá após o discurso em que o presidente afirma que os brasileiros que foram beneficiados com o recurso receberem, aproximadamente, mil dólares.

No Brasil, mil dólares, na cotação atual, equivale a mais de R$ 5.400. Somadas as cinco parcelas de R$ 600 e mais quatro parcelas de R$ 300, concedidas pelo benefício, cada beneficiário receberia R$ 4.200. Ou seja, existiria uma diferença de R$ 1.200 pelo valor estipulado por Bolsonaro.

Meio Ambiente

Para a organização, o presidente desviou a responsabilidade pelo desmatamento criminoso provocado por fazendeiros e mentiu ao relativizar as causas das queimadas na Amazônia e Pantanal.

“Dados obtidos pelo sistema de monitoramento da Nasa mostram que 54% dos focos de incêndios na Amazônia estão relacionados ao desmatamento. No Pantanal, a Polícia Federal investiga fazendas que fizeram queimadas, de forma criminosa, para abrir pastagens para a pecuária”, destacou a Apib.

Confira a nota na íntegra clicando aqui.