Bicicletas, aliadas da saúde, do bolso e da sustentabilidade

A bicicleta é aliada da saúde e do Meio Ambiente (Foto: Pedala Manaus)

14 de agosto de 2021

20:08

Cassandra Castro – Da Revista Cenarium
BRASÍLIA (DF) –  Pedalar 16 quilômetros todos os dias faz parte agora da rotina do José Raimundo Cunha, o Jota, que segue o seu itinerário de casa para o trabalho na sua bicicleta. Ele não esconde que a escolha pela “magrela” foi, num primeiro momento, pela agilidade. Ele já estava cansado de encarar os ônibus em condições precárias, a superlotação e os atrasos. “A gente consegue chegar nos locais mais rápido, apesar de ficarmos mais cansados, mas a gente pedala e até manda embora o estresse. Ela se tornou uma ótima aliada”, conta o técnico em informática.

Com o tempo, a bicicleta acabou também virando sinônimo de economia. Joca conta que usa o vale-transporte que recebe do trabalho para a manutenção básica do veículo. Ele diz que tem um gasto mensal de uns R$ 50 e o que consegue economizar usando a bicicleta acaba sendo usado para pagar outras coisas.

Rápida, econômica e parceira da saúde. Joca confessa que foi pegando o gosto pela bicicleta e acabou inserindo o esporte na vida dele. “A gente se sente melhor, o condicionamento físico da gente fica um pouquinho mais forte. Bicicleta para mim, além de necessidade, é um prazer muito grande”.

Jota e sua bicicleta de asfalto, companheira diária ( foto: Antônio Mendes Cunha)

Um modal de transporte robusto

O Brasil é o 4º maior produtor mundial de bicicletas e possui, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo. No fechamento de 2020, a frota nacional de bicicletas contabilizava mais de 70 milhões de unidades. A estimativa de produção anual em todo o território nacional, excluídas as bicicletas infantis, é de 2,5 milhões de unidades.

Desempenho do Polo Industrial de Manaus na fabricação de bicicletas

As fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) já chegaram a produzir mais de 1 milhão de bicicletas. Isso foi no ano de 1997. Depois de 12 anos, houve uma queda acentuada na produção que foi de pouco mais de 560 mil unidades. Mas, aos poucos, a produção tem crescido. De acordo com informações divulgadas pela Abraciclo, a produção de bicicletas deverá atingir 850 mil unidades em 2021, volume superior as 665.186 unidades fabricadas no ano passado.

O vice-presidente do segmento de bicicletas, Cyro Gazola, afirma que a indústria segue recuperando o ritmo de produção, após o forte impacto da pandemia no primeiro bimestre de 2021, com a segunda onda da Covid-19 em Manaus. “A demanda continua bastante aquecida e todas as associadas se esforçam para atender aos consumidores”, afirma.

Capital do Amazonas precisa se adaptar ao modal de duas rodas

Mesmo sendo a cidade sede de fabricantes de bicicletas, Manaus não prestigia os seus ciclistas. Na opinião de quem usa o meio de transporte para deslocamento ou lazer, a capital amazonense ainda carece de cumprimento de políticas públicas que já existem, como é o caso do Plano de Mobilidade Urbana de Manaus, sancionado em 2015.

Para o engenheiro civil e ciclista, Paulo Henrique Santana Aguiar, Manaus precisa se adequar e muito para oferecer um ambiente seguro e sustentável no qual motoristas de outros modais, pedestres e ciclistas possam conviver em harmonia. “A cidade tem uma das menores malhas cicloviárias dentre as capitais. É uma cidade extremamente hostil para e pedalar. Não tem fiscalização, não tem radar, não há conscientização da população e nem do poder público sobre essa realidade”, enfatiza Paulo. Ele também destaca a bicicleta como uma amiga da saúde de quem pedala. “Ela melhora o teu condicionamento cardiorrespiratório, cardiovascular, tonifica os músculos, traz alegria e reduz o estresse”.

Paulo Aguiar é um entusiasta do uso de bicicleta ( Foto: Pedala Manaus)

Além de aliada do meio ambiente por não poluir, ela também é o meio de transporte mais recomendado pela OMS em tempos de pandemia por favorecer o distanciamento e evitar aglomerações no transporte público.

Paulo Aguiar integra o grupo Pedala Manaus que é apenas um dos movimentos que pretende incentivar mais pessoas a aderirem a esse meio de transporte. Ele comenta que a cidade poderia seguir o modelo de outra capital brasileira, Fortaleza que investe bastante na modalidade transporte por bicicleta. “Fortaleza investe muito na redução de mortes e sinistros no trânsito e é uma cidade referência no Brasil, uma das mais cicláveis que temos hoje. No exterior, cidades como Amsterdam e Barcelona “abraçam a bicicleta”.  “Nessas cidades te permitem escolher o teu modal de uma forma mais democrática e isso faz com que se tenha um acesso melhor e maior a esses locais”, destaca o engenheiro.