Prefeito de Manaus diz que ‘Bolsonaro se porta como serviçal de Trump’, após ameaça de retirar o Brasil da OMS

O Brasil deixou de fazer contribuições à organização desde 2019 e hoje soma um atraso de cerca de US$ 33 milhões (Reprodução/ Internet)

06 de junho de 2020

09:06

Luana Dávila

MANAUS – Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter afirmado nesta sexta-feira, 5, que o “Brasil pode deixar a OMS (Organização Mundial da Saúde)”, o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSD), disse em sua conta no Twitter que “Bolsonaro se porta como serviçal de Trump”.

“Bolsonaro se porta como serviçal de Trump, que tolamente ameaça sair da OMS. Bolsonaro, que nem paga em dia a OMS, já anunciou que pode fazer o mesmo”, afirmou o prefeito referindo-se ao atraso das contribuições, por parte do Brasil, à organização, desde 2019, que hoje acumula dívida de US$ 33 milhões.

A crítica veio após Bolsonaro se pronunciar sobre a possível saída da OMS, caso a agência da ONU não deixe de ser uma entidade “política e partidária”.

“Bolsonaro pensa que Trump é seu amigo. Não aprendeu sequer que, em política externa, não há amigos; há interesses. Se não aprendeu nem isso, é porque não sabe nada mesmo”, disse o prefeito.

Arthur Neto ainda lembrou o pronunciamento de Donald Trump, que declarou que se agisse como Bolsonaro, os EUA teriam 2,5 milhões de mortos. “O ‘capitão’ ouve em silêncio porque é pequeno e porque deve achar que Trump é ‘major'”, rebateu Arthur.

Em entrevista ao Canal CNN, Bolsonaro declarou que o Brasil não “precisa de gente de fora para dar palpite na Saúde”.

“Adianto aqui: Os EUA saíram da OMS, a gente estuda no futuro. Ou a OMS trabalha sem o viés ideológico ou a gente está fora também. Não precisamos de gente lá de fora dar palpite na saúde aqui dentro. Ou a OMS realmente deixa de ser uma organização política e partidária ou nós estudamos sair de lá”, acrescentou Bolsonaro.

Trump chegou a acusar a agência da ONU de ser subserviente ao governo da China –hoje a maior antagonista de Washington na arena internacional. No final de maio, o americano anunciou que os EUA cortariam relações com a organização.

“Como eles não fizeram as reformas solicitadas e muito necessárias, encerraremos nosso relacionamento com a OMS e redirecionaremos esses fundos para outras necessidades de saúde pública mundial urgentes e globais”, disse Trump quando comunicou o rompimento.

Os Estados Unidos são os maiores doadores da OMS. Em 2019, o país desembolsou US$ 400 milhões, o que equivale a aproximadamente 15% do orçamento da organização sediada em Genebra.