Bolsonaro posa com ‘CPF cancelado’ às vésperas do Brasil alcançar 400 mil mortes por Covid-19

Gíria de origem miliciana é usada para indicar e celebrar a morte de pessoas (Reprodução internet)

25 de abril de 2021

15:04

Matheus Pereira

MANAUS – Na mesma semana em que o Brasil atingiu a marca de 389.492 mortes por conta da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) posou para uma foto segurando a placa ‘CPF cancelado’, gíria de origem miliciana usada para indicar e celebrar a morte de pessoas. A foto repercutiu nas redes neste domingo, 25, e foi tirada no dia em que o presidente veio a Manaus para inauguração da segunda etapa do Centro de Convenções Vasco Vasquez (CCAVV) e participou ainda de um programa de televisão apresentado por Sikêra Júnior.

O termo “CPF cancelado” e a própria placa são usados frequentemente no programa apresentado por Sikêra para zombar e celebrar a morte de suspeitos ou criminosos na capital amazonense. Nas ocasiões, além do apresentador, outros profissionais e personagens do programa entram em cena com um ou mais “CPFs” para a comemoração na televisão aberta.

Em setembro do ano passado, os filhos do presidente Flávio e Eduardo Bolsonaro cumpriam agenda na capital amazonense e também registraram uma foto com o elenco do programa, segurando a faixa ‘CPF cancelado’. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) postou a foto na conta oficial no Instagram dele.

Minimização da pandemia

Em mais de um ano de pandemia, Bolsonaro já usou termos como “gripezinha”, e chegou a classificar o Brasil como um “país de maricas”. Ele também ignorou recomendações científicas, recomendando o uso da hidroxicloroquina e ainda se eximiu da responsabilidade, quando o Amazonas passou por uma crise causada pela falta de oxigênio, para atender pacientes com Covid-19. Em suas aparições públicas, o presidente aparece frequentemente sem máscara e cumprimentando seus apoiadores sem qualquer tipo de cuidado.

Ainda no início da pandemia, Bolsonaro afirmou que o número de mortes seria menor do que o de vítimas da gripe suína. “O número de pessoas que morreram de H1N1 é na ordem de 800 pessoas. A previsão é não chegar a essa quantidade de óbitos no tocante ao coronavírus”, apontou o presidente em março de 2020.

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Em sua passagem pela capital amazonense, o presidente incentivou aglomerações de seus apoiadores que aguardavam para o recepcionar. Em seu discurso durante a inauguração do centro de convenções, Bolsonaro criticou o lockdown, adotado por algumas cidades do Brasil e fez críticas às políticas de esquerda. “Imaginem essa pandemia com Haddad [Fernando Haddad] presidente da República, estaríamos em lockdown nacional, graças a Deus isso não aconteceu”, disse Bolsonaro.