‘Caíram muito’, diz ambulante de Manaus sobre venda de ‘canetas ungidas’ para candidatos do Enem

28 de novembro de 2021

16:11

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – A “Irmã Marina”, como gosta de ser chamada a vendedora ambulante Marina Soares, de 59 anos, contou, neste domingo, 28, que as vendas de “canetas ungidas” para os candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) caíram mais que a metade em 2021, por conta da baixa quantidade de pessoas que compareceram à prova neste segundo dia do exame. As canetas são vendidas por ela há mais de 10 anos para ajudar os estudantes que acreditam no poder da fé.

Veja também: ‘Vou ficar até ele sair’, diz mãe de jovem autista que aguarda filho concluir segundo dia do Enem

“As vendas caíram, principalmente, por conta da pandemia quando as pessoas puderam fazer as provas de forma on-line. Posso dizer que caiu 70%. Mas, para o ano, vai ser melhor, se Deus quiser. A caneta é ungida por mim. Eu oro em cima (da caneta), uso o óleo ungido que representa o Espírito Santo. Quem crê vai fazer uma boa prova”, disse a vendedora à REVISTA CENARIUM.

As canetas ungidas são vendidas pela Irmã Marina, em Manaus. (Bruno Pacheco/Revista Cenarium)

Na semana passada, o Amazonas foi o Estado que registrou a maior quantidade de faltosos no primeiro dia de Enem, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ao todo, a taxa de abstenção nas provas presenciais no Estado foi de 40,6%, enquanto nas provas on-line, a taxa de ausentes foi de 46%. No Brasil, a média de faltosos foi de 26%.

De olhar forte e mãos calejadas, Marina vende as canetas ungidas para ajudar os candidatos. Ela acredita que, com o poder da fé, os estudantes podem chegar ao objetivo de realizar uma boa prova. “Sem fé, é impossível agradar a Deus. Não conseguimos prova, salvação, saúde. A fé é genuína e inabalável”, declarou.

Força e fé

Com uma folha escrita uma oração, a ambulante segura as canetas e o óleo para vender aos consumidores. (Bruno Pacheco/Revista Cenarium)

Marina é evangélica e se orgulha em afirmar que faz parte da Igreja Assembleia de Deus, na Avenida Joaquim Nabuco, no Centro de Manaus, próximo ao local onde mora. Apesar de viver em Manaus, a vendedora é natural de Salvador e lembra que começou a trabalhar aos 4 anos.

“Eu comecei a trabalhar catando pimenta na roça, passando a mão na pimenta nos olhos e chorando. Mas, eu vim para Manaus e já tenho 36 anos aqui. Hoje, a única ajuda que recebo são de pessoas aqui na frente da faculdade, de alunos que ajudei na época em que estudavam, além de uma empresa de limpeza que presto serviço e o auxílio do governo. São pessoas que me abençoam e eu as abençoo de volta”, concluiu.