Capacitação profissional é fundamental para entrar no mercado de trabalho no período de pandemia
20 de abril de 2021
08:04
Bruno Pacheco
MANAUS – Com 14,3 milhões de brasileiros desempregados, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), especialistas afirmam que a procura por cursos profissionalizantes é fundamental neste período de pandemia para garantir uma vaga no mercado de trabalho.
Na avaliação de Neila Azrak, secretária-executiva do Trabalho e Empreendedorismo (Setemp), órgão que administra o Sistema Nacional de Emprego (Sine-Amazonas), se aprimorar é essencial para se manter no emprego ou ser recolocado, visto que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente. Segundo ela, para além da experiência, é essencial que o trabalhador busque cada vez mais se manter atualizado, pois a todo momento novas técnicas surgem e novas necessidades nos ofícios se alteram para melhor.
“Além de assiduidade, profissionalismo e dedicação, as empresas têm buscado profissionais atualizados, bem como colaboradores que possuam competências para além do simples desenvolvimento da atividade, tendo uma visão humanizada e ampla para enfrentar os desafios diários. Não se busca mais hoje apenas experiência, mas trabalhadores que possam resolver problemas de forma dinâmica, contribuindo para o aprimoramento dos processos internos da empresa e seu crescimento”, realçou.
Para a psicóloga e especialista em Gestão de Pessoas, Ruyter Ferro, de 40 anos, a capacitação por meio de cursos mostra o interesse do trabalhador em contribuir para o melhor desenvolvimento da empresa. Segundo ela, a especialização é apenas um dos requisitos para o processo de contratação.
“Ser verdadeiro e não omitir informações importantes também são fundamentais. Procurar por cursos profissionalizantes, sem dúvidas, é importante, isso demonstra desenvolvimento, crescimento profissional e é bem-visto pelo selecionador.
Os cursos profissionalizantes também dão a oportunidade de novos horizontes e perspectivas profissionais”, salientou.
Desde 2000, Ruyter atua no setor de Recursos Humanos no recrutamento e seleção de pessoas. Atualmente, a especialista é coordenadora de RH no Grupo Queiroz, em Manaus. Para ela, o primeiro ponto de partida para seleção de um funcionário é o currículo.
“Se o mesmo conter as informações básicas que precisamos para fechamento da vaga, sem dúvida é o primeiro passo. Por isso, a importância do mesmo ser bem elaborado. Muitos candidatos deixam de ser chamados para uma entrevista, porque não tem um currículo adequado. O segundo passo é a entrevista. Chegar no horário marcado, ser objetivo e demonstrar interesse na vaga são fundamentais”, destacou.
Desemprego e informalidade
No Brasil, a taxa média de desemprego foi de 13,5% em 2020, a maior desde o início da série histórica (2012), segundo dados divulgados em 31 de março deste ano pelo IBGE. Já no trimestre encerrado em janeiro de 2021, o que perfaz os meses de novembro, dezembro de 2020 e janeiro de 2021, a desocupação ficou em 14,2%, a maior taxa já registrada para o período, o que representa o recorde de 14,3 milhões de pessoas sem emprego. Na taxa de desemprego, segundo a avaliação do IBGE, estão as pessoas com idade para trabalhar (acima de 14 anos) que não estão trabalhando, mas que estão disponíveis e buscam emprego nos últimos 30 dias anteriores à realização da pesquisa.
Ainda no trimestre encerrado em janeiro deste ano, segundo a pesquisa do IBGE, o Brasil alcançou uma taxa de informalidade de 39,7% no mercado de trabalho. De acordo com a Pnad Contínua, foram registrados 34,118 milhões de brasileiros atuando informalmente no período.
Segundo o IBGE, os dados da pesquisa mostraram que subiu 3,6% o número de empregados sem carteira assinada no setor privado, em comparação com o trimestre anterior. No total, foi registrado um aumento de 338 mil pessoas nesse índice. Em relação aos trabalhadores que atuam por conta própria, sem o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), o aumento foi de 4,8% no mesmo período, ou seja, 826 mil pessoas a mais.
Oportunidade
Na avaliação da especialista em Gestão de Pessoas, Ruyter Ferro, a formação em cursos dá a oportunidade para o trabalhador se reinventar. Segundo ela, atualmente não se tem mais o profissional “especialista” e sim o “generalista”, isto é, aquele profissional que se reinventa e consegue atuar em vários segmentos dentro da organização.
“Contudo, não podemos deixar de levar em consideração a postura comportamental dentro do ambiente de trabalho, pois de nada adianta ter várias qualificações e não saber se relacionar com as pessoas, ser cortês, educado e saber respeitar as diferenças”, enfatizou.
A formação em cursos também pode ajudar o profissional a atuar individualmente, como é o caso da confeiteira Yasmin Correa, que ficou desempregada na pandemia, decidiu abrir um empreendimento por conta própria após fazer cursos sobre confecção na internet.
“Sempre gostei muito de doce, então comecei a fazer em casa para comer. Foi aí que minha família começou a gostar muito e quando fui ver já estava fazendo bolos, salgados. Com a pandemia, sem emprego, sem nenhuma renda extra, decidi fazer doces para vender e hoje abri uma pequena loja”, lembrou.
No estabelecimento, localização na rua Carvalho Leal, no bairro Cachoeirinha, na zona Sul de Manaus, a confeiteira trabalha com café da manhã, doces e almoço. “Mas as minhas clientes amam meus bolos no pote e minhas coxinhas recheadas com morango”, finalizou.
Recomendação
A recomendação da secretária Neila Azrak, para as pessoas que procuram por emprego, mas não encontram oportunidade, é acompanhar as mídias sociais da Secretaria Executiva do Trabalho e Empreendedorismo para se manter atualizado sobre dicas, orientações e seleções.
“Por segundo, ter uma boa apresentação pessoal, seja por meio de um bom currículo ou durante as seleções e entrevistas, é essencial. Por fim, buscar estar sempre atualizado nos processos, técnicas ou procedimentos mais atuais da profissão é um diferencial. A qualificação técnica aliada à experiência garante a vaga e impulsiona maiores ofertas de remuneração para além do piso salarial”, recomendou.
O mercado de trabalho, conclui a secretária, cada vez mais está afunilando os perfis de seus colaboradores, ou seja, cada vez as seleções se tornam mais criteriosas. “Assim, ter uma visão ampla, qualificação profissional e experiência são fundamentais na busca do trabalho e na manutenção destes. Portanto, a necessidade de qualificar-se sempre é uma realidade até para profissionais que estão no mercado há anos”, finalizou.