‘Casa Amazônia Vive’ investe em acolhimento a nortistas e difusão cultural em São Paulo

Casa Amazônia Vive exalta cultura amazônica em São Paulo (Alessandra Leite/CENARIUM)

19 de junho de 2024

15:06

Alessandra Leite – Especial para Cenarium

SÃO PAULO (SP) – Os nortistas moradores de São Paulo – a “selva de pedra”, amplamente reconhecida como um grande polo de oportunidades para todos que chegam de diversos cantos do Brasil – agora contam com a Casa Amazônia Vive, um local inédito na capital paulistana, criado com o intuito de reunir a cultura do Norte do País em um só lugar.

O local é abrigo para os amazônidas saudosos do aconchego de casa, além de ser um espaço de acolhimento e incentivo a artistas do Norte em buscas de oportunidades. “Aqui, o artista poderá fazer seu show, ter o cachê e a devida valorização. Nós estamos trabalhando pra ser esse espaço que antes não tinha”, destaca a sócio-fundadora e produtora cultural, Lucy Almeida.

Recém-inaugurada e localizada na Zona Oeste de São Paulo, a Casa Amazônia Vive, segundo a idealizadora, é um espaço sonhado para trazer o gostinho e o aconchego dos lares amazônicos para os moradores da megalópole, oriundos do Norte do País.

Espaço em São Paulo exalta cultura nortista (Alessandra Leite/CENARIUM)

“É uma casa tanto para os nortistas saudosos de sua cultura quanto para pessoas de todos os lugares que são apaixonados pela riqueza cultural do Norte do Brasil. Elas são muitas e eu venho descobrindo isso ao longo dos anos em que produzo eventos com caráter regional, aqui em São Paulo. A saudade é grande, da música, da culinária e, principalmente, de se sentir em casa ao encontrar conterrâneos e compartilhar momentos de conexão”, explica a idealizadora do espaço.

Junto com o sócio e amigo de longa data, o músico paraense Marcelo Nakamura, Lucy Almeida reuniu sua experiência de quase duas décadas como produtora cultural em Manaus e a arte de Nakamura, artista conhecido também no Amazonas por seu trabalho com o carimbó, marabaixo e outros ritmos como o do beiradão, para conectar as pessoas em torno do sonho da criar a casa dos amazônidas em São Paulo.

“A ideia surgiu quando eu vim morar em São Paulo e trouxe os bois de Parintins (AM) para fazer eventos aqui. Eu me surpreendi com a quantidade de apaixonados pela cultura do Amazonas e depois fui descobrindo uma legião de apaixonados pela Amazônia inteira. Descobri que temos muitos conterrâneos aqui e foi uma grande surpresa, pois não imaginava que fôssemos tantos”, relata Almeida.

Produtos regionais (Alessandra Leite/CENARIUM)

Lucy conta que o amigo, e agora sócio, veio morar em São Paulo três anos depois de sua chegada na capital, no ano de 2019, e as conversas sobre ter um local fixo para difusão da cultura do norte sempre estavam em pauta, especialmente porque ambos conseguem flutuar entre Amazonas e Pará com muita facilidade. A empreendedora afirma que percebia uma grande carência da própria cultura cada vez que fazia um evento temático da Amazônia.

“Quando eu fazia eventos de boi-bumbá, uma vez por ano, a gente conseguia arrastar multidões. E aí, comecei a pensar em ter uma casa onde pudesse realizar eventos assim de forma contínua. Foi difícil porque não havia esse espaço e ninguém entendia qual era a proposta”, relembra.

Casa com “cara de Amazônia”

A decisão de empreender veio com a gravidez de Lucy em 2024. Foi quando a procura pela casa começou com mais afinco. “Era só concreto e a gente se perguntava como iria falar de Amazônia sem ter uma planta na casa. Era meu sonho ter um espaço como esse, com essa conexão. Tem árvores, tem quintal, tem a terra e o teatro também. Um espaço montado para tudo o que a gente sempre desejou”, comemora, Lucy, hoje grávida de seis meses.

No espaço do teatro, a Casa Amazônia Vive irá oferecer cursos de carimbó, boi-bumbá e outros ritmos amazônicos, além de oficinas diversas. A Casa está, no momento, em uma fase de análise de propostas enviadas por artistas que devem começar as atividades oficialmente no mês de julho. As primeiras serão voltadas para contos e lendas do folclore amazônico, de pintura e de teatro.

Lucy Almeida no preparo do tacacá, comida típica da Região Norte (Alessandra Leite/CENARIUM)

Os empreendedores ressaltam a importância das exposições, eventos e demais atividades na casa para todos os que desejam ter um ponto de encontro em São Paulo bem como almejam agir em prol da Amazônia. “Aqui nós estamos sempre convidando a todos para vir conosco explorar a diversidade dos nossos povos, compartilhar os saberes que habitam esse bioma único que é a Amazônia”, enfatizam os idealizadores.

Formações e experiências gastronômicas

Um diferencial para quem for frequentar as oficinas da Casa é a comida adequada para o horário da atividade. Por não ser um restaurante, mas oferecer alguns itens da culinária amazônica, quem fizer uma oficina de manhã poderá contar com um cardápio de tapioca com tucumã, castanha, banana, dentre outras opções. Já quem participar dos cursos no horário próximo ao almoço terá alternativas como vatapá, caldinho de peixe, bolinho de pirarucu, arroz paraense.

“A ideia é ter no cardápio as opções de acordo com o horário das nossas oficinas e demais programações. A comida para nós é um complemento. Trata-se mais de uma experiência gastronômica. A pessoa vem e terá toda aquela imersão de ouvir a música do Norte e comer a comida do Norte”, explica a proprietária.

Transmissão do Festival de Parintins

Nos dias 28, 29 e 30 de junho, a Casa Amazônia Vive irá transmitir as três noites do Festival Folclórico de Parintins, na íntegra, em um telão, com a oferta de experiência gastronômica em um jantar amazônico especial.

O cardápio das “noites dos bois” não é oferecido habitualmente. Opções como moqueca de pirarucu, ceviche amazônico, dentre outros pratos típicos estarão disponíveis nas três noites de transmissão. “Será um momento especial para aqueles que não terão a oportunidade de estar lá esse ano, como nós, além de ser um espaço aberto para qualquer pessoa que goste do festival, aprecie a nossa cultura e mesmo para quem vier no intuito de conhecer”, ressalta.

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Editado por Adrisa De Góes