Cinco lendas ‘clássicas’ que simbolizam as tradições da fantástica Amazônia

Palco de lendas e mitos, a Amazônia segue alimentando o imaginário de muita gente com mistérios e histórias de um mundo verde ainda a se descobrir (Revista Cenarium/Jack Cartoon)

05 de dezembro de 2020

07:12

Mencius Melo

MANAUS – Um universo fantástico, um cosmos criativo onde o imaginário e o real se fundem para gerar histórias incríveis, carregadas de mistérios e magia. Assim é a Amazônia, palco verde que fascina o mundo desde a chegada dos conquistadores europeus. Parte da aura se deve aos contos e lendas que vem da floresta e do rio.

A CENARIUM preparou matéria com direito à ilustração do cartunista Jack, para mostrar as cinco lendas mais fantásticas da Amazônia e que já foram alvo de livros, filmes, documentários e registros afins. São elas: Lenda do Mapinguari, Lenda Cobra Grande, Lenda do Boto, Lenda do Curupira e Lenda do Guaraná.

Lenda do Mapinguari

(Divulgação/Jack Cartoon)

Monstro com mais de cinco metros de altura, o Mapinguari é um ser violento que habita o ‘centro da floresta’. Possui uma enorme boca na barriga e um olho no meio da testa. O Ciclope ganhou fama com a chegada dos nordestinos no primeiro ciclo da borracha. Segundo relatos, os seringueiros sofriam ataques quando adentravam na mata para extrair o leite da seringueira. De origem indígena, a lenda é uma das mais famosas da região.

Lenda da Cobra Grande

(Divulgação/Jack Cartoon)

Terror das águas, a Cobra Grande é a lenda mais conhecida da Amazônia, juntamente com o boto. Contam os ‘causos’, que a cobra de tamanho descomunal costumava atacar os viajantes dos rios com extrema fúria. Agressiva, a cobra partia embarcações fossem elas canoas ou barcos de porte. A lenda ganhou fama com a chegada dos regatões à região. Os regatões eram embarcações improvisadas que desciam e subiam os rios, levando mercadorias para as comunidades. Eram geralmente comandados por judeus, turcos, sírios que chegavam à região em busca de riqueza.

Lenda do Boto

(Divulgação/Jack Cartoon)

O mais sedutor ser metamórfico da região amazônica. O Boto é na verdade um homem muito bonito que nas noites de lua cheia, se transforma e invade as festas das comunidades, seduzindo a mais bela das moças. Com charme e um indefectível chapéu panamá sobre a cabeça – para esconder o ‘furo’ da respiração do animal – o boto chega de branco e ‘emprenha’ a bela jovem, nascendo assim mais ‘filhote de boto’. A lenda, dizem os estudiosos, encobre na verdade, os casos de violência sexual patriarcal nas comunidades do interior da floresta.

Lenda do Curupira

(Divulgação/Jack Cartoon)

O mais ‘traquino’ dos seres defensores da floresta Amazônica, o Curupira é um símbolo de resistência ante as investidas do homem branco sobre a mata. Conta a lenda que o indiozinho de pés para trás, é uma espécie de duende que persegue e enlouquece os caçadores que ameaçam a fauna da região. Com o desmatamento crescente na Amazônia nos últimos 50 anos, o Curupira virou um defensor que também luta contra os desmatadores, garimpeiros e biopiratas.

Lenda do Guaraná

(Divulgação/Jack Cartoon)

A mais famosa bebida refrigerante do Brasil, tem sua origem no fruto do guaraná. Planta cultivada pelos índios Sateré – Mawé, da região de Maués (AM). Diz a lenda que um casal não podia ter filho. Eles pediram a Tupã (Deus Trovão) que lhes desse um filho. Tupã atendeu e nasceu um belo indiozinho. Mas a criança despertaria a inveja de Jurupari, entidade do mal que se transformou em serpente e picou a criança. Desolados, os pais que perderam o filho choraram a Tupã. Ele então pediu que enterrassem os olhos do indiozinho no centro da Aldeia. Nasceu assim uma planta cujo fruto vermelho possui ‘olhos’ a olhar para sua tribo. Esses são os olhos do guaraná.