Clarinha: a menina de 8 anos faz releitura de fotos de grandes personalidades femininas na internet

Além das fotos, as páginas também oferecem dicas de leituras infantis e conteúdos voltados para a representatividade (Reprodução/Instagram)

20 de abril de 2021

17:04

Priscilla Peixoto

MANAUS – A pequena paulistana Ana Clara Larchete, de apenas oito anos, tem viralizado na internet após usar o perfil do Instagram para reproduzir fotos de mulheres ícones em diversas áreas da sociedade. Clarinha, como é carinhosamente chamada pela família e seguidores, já tem quase 20 mil seguidores no Instagram. Seus posts servem como referência paras mães e pais que queiram abrir e administrar uma conta nas redes sociais para seus filhos, além de promover representatividade de conteúdo lúdicos e informativos para crianças.

De acordo com a analista de crédito e mãe de Clarinha, Daiane Braz, 37 anos, a primeira postagem foi feita sem intenção alguma de viralizar ou fazer sucesso. Ela conta que a ideia veio após Clara precisar entregar um trabalho de escola. “Ela tinha que fazer uma releitura de uma obra arte. Procurei alguma coisa que a gente pudesse fazer com o que tínhamos em casa e achei o autorretrato de Tarsila do Amaral”, conta a mãe.

Após realizado o trabalho da escola, Daiane teve a ideia de postar a foto no Instagram, foi quando se surpreendeu com o retorno inesperado. “Fazemos tudo em casa mesmo e com o que temos disponível, o retorno foi tão gratificante que vi ali uma possiblidade de ensinar sobre grandes mulheres, por meio das redes sociais”, revela Daiane.

Maria da Conceição Brito, escritora brasileira nascida em Minas Gerais em 1946 (Reprodução/Instragram)

Personagens e dicas

As postagens voltadas à temática acontecem desde julho do ano passado e juntas, mãe e filha, já fizerem ao menos 30 posts homenageando figuras importantes. A cada post, elas vão legendando de forma resumida a importância de cada figura e alguns feitos das personagens para com a sociedade. Mulheres como a socióloga, ativista e política Marielle Franco, a professora e jornalista Antonieta de Barros, a filósofa feminista negra Djamila Ribeiro são algumas das releituras feitas por Ana Clara.

Todas são bem recebidas pelos seguidores que acompanham o perfil da pequena estudante do 3ª ano do ensino fundamental. Mas, segundo Daiane, as postagens mais recentes foram as que caíram, de fato, no gosto do público. “A última que fizemos da Conceição Evaristo – uma escritora brasileira nascida em 1946, e da jornalista Maju tiveram um feedback incrível”, comemora a mãe coruja.

Além de fazer releituras e ensinar com os posts, Clara e a mãe também aproveitam o espaço para darem dicas de leituras infantis e conteúdos voltados para a representatividade, empoderamento feminino. “É muito importante incentivar a leitura e o conhecimento desde a infância, então aproveitamos para dar algumas dicas que a gente vê que é acessível e útil para quem nos segue”, pontua a mãe.

A releitura da pintora, desenhista e tradutora brasileira, Tarsila do Amaral, foi a primeira que viralizou nas redes (Reprodução/Instagram)

Representatividade  

Como toda criança, Clara, que é filha única, tem nos familiares e amigos mais próximos as referências vividas no cotidiano. Ter uma representatividade nesta fase da vida é fundamental para a formação e autoestima do indivíduo. Pensando também nesse viés, a mãe de Clara sempre faz questão de mostrar para a filha, negra e de cabelo crespo, que ela pode se inspirar na história dessas mulheres e ser a protagonista de sua própria história, tendo orgulho de ser quem ela é.

“A Clara já teve a fase de querer alisar o cabelo, pois era a única menina da sala de aula de cabelo crespo. Conversamos com ela e falamos sobre ela se parecer com a gente e que nem todo mundo tem o cabelo e está tudo bem. Por isso, comecei a buscar no Instagram referências, inspirações e crianças que se parecessem com ela. Ela foi entendendo, se conhecendo e hoje é uma menina com personalidade”, revela Daiane.

A jornalista Maju Coutinho é uma das mulheres que inspiram a pequena Ana Clara (Reprodução/Instagram)

A representatividade de Clarinha deu tão certo que até outras crianças e mamães procuram a família para saber como estimular e trabalhar a autoestima dos filhos e até mesmo sobre os cuidados com os cachos. “Esta semana recebi mensagens de uma mãe perguntando como eu cuidava dessa questão com a Clara e dos cabelos dela, porque ela queria fazer o mesmo com o filha”, disse.

Sobre a ideia de releitura das fotos, Daiane conta que pretende continuar enquanto a filha também estiver curtindo a iniciativa. “Clara tem muita facilidade para fazer as fotos, ela gosta de embarcar nessa ação. Espero que minha filha inspire outras crianças a acreditarem na força que elas têm, a sonharem, se amarem e respeitarem a história e luta de cada pessoa e, principalmente, as diferenças. Ela pode ser o que ela quiser, desde que estude, tenha respeito e acredite nela”, finaliza a mãe.

Clarinha usa a internet para exercer a representatividade (Reprodução/Instagram)
Malala Yousafzai, paquistanesa e a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz (Reprodução/Instagram)
Tereza de Banguela foi líder quilombola do Quilombo do Quaritetê (Reprodução/Instagram)