Com aumento de 52% na energia elétrica, consumidores buscam economia e especialista dá dicas
02 de julho de 2021
15:07
MANAUS – O aumento de 52% na bandeira vermelha 2 ainda não chegou diretamente no bolso dos consumidores, mas já movimenta quem está preocupado com o encarecimento da conta de energia elétrica. A cobrança da tarifa, que subiu de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos, já está em vigor desde essa quinta-feira, 1º, conforme anunciado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Diante da preocupação dos consumidores, especialista consultada pela CENARIUM dá dicas para tentar economizar na fatura.
A previsão é a de que esta bandeira permaneça acionada até novembro. Preocupados com o valor a mais que terão que desembolsar, a partir de agora, consumidores já se mobilizam para diminuir o consumo. O servidor público João Gomes*, que mora em uma casa com outras quatro pessoas e paga em média R$ 700, já tem o hábito de economizar energia elétrica, mas agora o impacto deverá ser maior. Ele cumpre trabalho remoto desde 2020 e precisa passar o dia consumindo energia.
Nova realidade
“Aqui dormimos todos num quarto durante a semana, compartilhamos os ambientes para usar menos aparelhos de ar-condicionado, por exemplo, tudo para compensar o maior uso de outros eletrodomésticos indispensáveis no dia a dia, como máquina de lavar, micro-ondas, ventiladores etc.”, disse o servidor público.
Com a nova realidade imposta pela pandemia e o aumento de 52% na conta, João compartilha o sentimento de desânimo de milhões de consumidores diante de mais um valor que terá que ser desembolsado. “Apesar de todo esse esforço de muitas pessoas para economizar energia, o governo não colabora com o consumidor, aumentando as taxas de energia, e ultimamente em intervalos menores, o que leva as pessoas a um certo desânimo”, pontuou ele.
Dicas
De acordo com a economista e vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Denise Kassama, o encarecimento da conta de energia elétrica deve pesar mais para consumidores que residem em cidades como Manaus, no Amazonas, por exemplo. O calor da capital torna difícil ficar sem utilizar aparelhos como o ar-condicionado e ventiladores.
“Ficando mais tempo em casa, o consumo de energia elétrica é maior. Em uma cidade como Manaus, o uso de ar-condicionado, um grande vilão de energia elétrica, chega a ser um item de primeira necessidade”, pontuou Kassama.
Ela, como especialista e também consumidora, precisou gastar mais quando passou a trabalhar também em home office. “No meu caso em particular, onde passei a dar aulas remotamente no período da noite ao invés de presencialmente na faculdade, o impacto na conta de energia foi na ordem de 15%. Quando, no período em que trabalhei em home office no horário comercial, o aumento no geral foi entre 20 a 30%”, disse ela.
Considerando que salários e rendimentos não se alteraram, e, em muitos casos, até reduziram, o impacto no orçamento doméstico é significativo. A economista deu dicas de como para ajudar a minimizar o impacto do aumento:
Ar-condicionado
- Aproveite as noites mais frescas para desligar um pouco o aparelho e reduzir o consumo;
- Ajuste o aparelho nos 23 graus, pois, segundo especialistas, nessa faixa se atinge mais rápido a temperatura mais fresca e o compressor irá desligar, sem afetar a temperatura;
- Faça a manutenção periodicamente, mantendo-o sempre limpo e assim não obstruir os dutos e forçar o compressor.
Luzes
- Procure utilizar lâmpadas de tecnologia LED pois são mais econômicas;
- Desligue sempre que não estiver no ambiente.
Geladeira
- Evite ficar abrindo geladeira muitas vezes, pois cada vez que faz isso, o consumo aumenta;
- Tende regular em temperaturas médias.
Máquina de Lavar/Ferro de passar roupa
- Organize-se para fazer essas operações na menor quantidade possível. Uma máquina cheia de roupas consome a mesma quantidade de energia que uma máquina com poucas roupas.
- O processo de esquentar o ferro de passar é onde o consumo é maior. Então também é melhor acumular as roupas e passar tudo de uma vez.
Chuveiro elétrico
- Outro grande vilão no consumo de energia. Se está no home office, mude seus hábitos e busque horários mais quentes para não precisar do chuveiro elétrico.
Eletroeletrônicos em geral
- Tudo que fica ligado na tomada, consome energia. Então, se não estiver usando, não deixe na tomada. Isso inclui televisores e aparelhos em standby, bem como carregadores de telefone celular e notebooks.
Novos aparelhos
- Ao comprar novo aparelhos, busque aqueles que tem menor consumo de energia segundo a Aneel. Podem aparentemente serem um pouco mais caro, mas a longo prazo, vale a pena.
Entenda como funciona as bandeiras e o que aumentou:
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 para sinalizar o custo de geração de energia.
- Cor verde – Fica nessa cor quando o nível dos reservatórios está alto e não há necessidade de acionamento extra de usinas térmicas. Não houve aumento dessa vez;
- Cor Amarela – é acionada quando as condições para geração de energia são menos favoráveis, mas ainda não há o custo extra de acionamento das térmicas. Passou de R$ 1,34 para R$ 1,874 por 100 kWh consumidos;
- Cor vermelha – entra em vigor quando os reservatórios das usinas hidrelétricas ficam baixos e é preciso acionar várias usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia. A bandeira vermelha 1 passou de R$ 4,16 para R$ 3,971 por 100 kWh consumidos. Já a vermelha 2 foi de R$ 6,24 para R$ 9,49.
*nome alterado para preservar a identidade