Com obra original de Graciliano Ramos e escadaria da Escócia, Biblioteca Pública do AM, completa 150 anos

Com imponente arquitetura e um raro acervo, a Biblioteca Pública do Amazonas completa um século e meio, prestando serviço de extrema relevância para a cultura do Amazonas (Reprodução/Michael Dantas)

16 de maio de 2020

21:05

Mencius Melo

MANAUS – Um patrimônio arquitetônico e cultural do Estado do Amazonas completará 150 anos, neste domingo, 17. A Biblioteca Pública do Estado do Amazonas, localizada na Rua Barroso, Centro da Cidade, fará aniversário em meio à pandemia. Com a recomendação do isolamento social a fim de impedir a propagação do novo Coronavírus, o prédio está fechado, mas, quem quiser visitá-lo, basta acessar o Portal da Cultura, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC).

“Esta foi uma forma do público continuar próximo de nossos espaços durante esse período de isolamento social. É também uma oportunidade para aqueles que nunca visitaram a Biblioteca Pública de conhecer esse patrimônio tão importante”, comentou Marcos Apolo Muniz, titular da Secretaria de Cultura.

Original de Graciliano Ramos

Cerca de 250 mil obras compõem o acervo da Biblioteca Pública do Amazonas. São livros, jornais antigos, revistas em quadrinhos, mapas, plantas de prédios históricos, CDs e DVDs que ajudaram diferentes gerações em pesquisas, estudos e na produção intelectual do estado. Entre as curiosidades, está o manuscrito original de “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, escritor alagoano autor de clássicos da literatura brasileira entre os quais: “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”.

O escritor e dramaturgo amazonense Márcio Souza foi um dos que teve a Biblioteca Pública como base para a sua produção intelectual. O autor de “Mad Maria” (romance adaptado para a TV, pela Rede Globo – 2005) e “Galvez – O Imperador do Acre”, conta que foi no espaço que adquiriu o gosto pela leitura, ainda na infância. “Meu pai trabalhava próximo ao local e nos deixava, eu e meu irmão, no setor infantil da Biblioteca. No início achávamos chato, mas com a ajuda de uma bibliotecária, passávamos a manhã lendo e, com o tempo, fomos conquistados”, comentou.

 “O acervo, que contém obras raríssimas, e a riqueza arquitetônica de nossa Biblioteca Pública é de causar inveja a outros estados. É um tesouro tão rico quanto o Teatro Amazonas e merece ser preservado”, destacou o escritor.

Tour virtual

Na visita, o espectador é levado a conhecer os salões Genesino Braga, onde ficam as obras raras e de temática “Amazônia”; Thalia Phedra, com um acervo de obras gerais; Lourenço Pessoa, onde ficam os jornais antigos; e o salão Maria Luíza Cordeiro, com acervo de literatura regional, brasileira, estrangeira e infantil.

Escada veio da Escócia

O espectador também pode ver a escada de ferro que veio de Glasgow, na Escócia; a bela pintura de Aurélio Figueiredo, que representa a Lei Áurea no Amazonas; a claraboia de telhas de vidro inglês; além das efígies gravadas no estuque de gesso do teto, que representam Teixeira de Freitas ( o “Jurisconsulto do Império”), Antônio Gonçalves Dias (romancista brasileiro que criou o indianismo romântico),  Antônio Carlos Gomes (maestro e compositor brasileiro) e Johannes Gutenberg (criador do processo de impressão com tipos móveis).

Escadaria é famosa pela riqueza de detalhes. (divulgação/SEC)