Com produção afetada por apagão no Amapá, agricultor relata drama: ‘Tenho que comer alimentos armazenados em latas’

As causas do acidente no Amapá estão sendo investigadas pela Polícia Civil do Estado. (Arquivo Pessoal/Reprodução)

12 de novembro de 2020

20:11

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – “Tudo ficou mais caro, pois não tem onde armazenar nada. Um garrafa de água de mineral de um litro e meio, que custava antes R$6, passou a ser vendida por até R$ 15”. O relato é do agricultor Joaquim Correa Belo que, em entrevista à CENARIUM, revela o drama dos amapaenses, que nesta quinta-feira, 12, completam dez dias sem energia elétrica.

Correa é membro da Associação Nossa Amazônia (Anama) e morador do município de Mazagão, localizado ao sul do Amapá. Ele destaca que mesmo com novos horários de rodízio de energia elétrica, a população ainda sofre com os impactos do apagão, que vem prejudicando também o abastecimento de alimentos e a produção rural.

“Quem faz agricultura familiar, a principal fonte de renda tem que escoar a produção para as feiras da cidade e com o apagão não é possível armazenar os itens, porque a feira não está funcionando. Também não tem gelo para congelar o peixe para ser vendido”, explicou Joaquim.

Moradores sendo abastecidos por meio de carros-pipas. (Joaquim Correa/ Arquivo Pessoal)

“Tudo ficou mais caro, pois não tem onde armazenar nada. Um garrafa de água mineral de um litro e meio, que custava antes R$ 6, passou a ser vendida por até R$ 15. Tudo foi ficando mais caro, trazendo prejuízos para os agricultores, porque até as redes de supermercados não puderam manter o abastecimento regular. Eu particularmente tenho que comer alimentos armazenados em latas”, desabafou Belo.

Apagão

Dos 16 municípios, ao menos 13 estão sem fornecimento de eletricidade após um incêndio que afetou uma subestação de energia em Macapá, no AP. O Ministério Público Federal (MPF) solicitou que os órgãos prestem esclarecimentos a respeito dos planos para restabelecimento da energia elétrica e sobre a apuração das responsabilidades pelo apagão. A falta de eletricidade afetou, entre outros serviços, o abastecimento de água no Amapá.

Moradores do Amapá fazendo protestos sobre a negligência do poder público no apagão. (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Investigações

Segundo a Polícia Civil do Amapá, que investiga as causas do apagão, o laudo preliminar descartou que o transformador da subestação que pegou fogo tenha sido diretamente atingido por um raio. O perito identificou que o fogo começou em uma bucha.

Após solicitação da Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (Deccon), a Justiça Estadual bloqueou R$ 50 milhões em bens e ativos da concessionária que opera a subestação que pegou fogo para reparação de danos aos consumidores.