Delta: veja detalhes e diferenças sobre nova variante identificada no Amazonas

1.051 casos da nova cepa foram confirmados no Brasil até essa quarta-feira, 18 (Arte/O Globo)

19 de agosto de 2021

16:08

Marcela Leiros – Da Cenarium

MANAUS – A confirmação de seis casos da Delta no Amazonas acendeu um alerta quanto aos riscos da nova variante. Até essa quarta-feira, 18, o Brasil havia atingido 1.051 casos confirmados da cepa do novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde (MS). Segundo especialistas, ela é mais transmissível que a P.1 e menos letal. No entanto, as vacinas contra a Covid-19 têm se mostrado eficazes contra essa nova cepa.

A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) informou que foram identificados quatro casos em Manaus e dois em Maués, a 258 quilômetros da capital amazonense. Entre os sintomas da variante – inicialmente identificada na Índia – nestes casos estão febre, dor no corpo, dor de garganta, tosse, coriza, lombalgia, mialgia e dor de cabeça.

Paciente internado na UTI do Hospital Ronaldo Gazolla (Pilar Olivares/Reuters)

Transmissibilidade

Um estudo de pesquisadores ligados à Organização Mundial de Saúde (OMS) e ao Imperial College indicou que a Delta é a mais contagiosa entre todas as cepas já sequenciadas, com transmissibilidade 97% maior do que a cepa original do coronavírus, que teve origem na China.   

“A transmissão da variante Delta é mais eficaz do que da Gamma, a nossa P.1, porque enquanto o paciente com a Gamma chega a transmitir para 3 ou 4 pessoas, um paciente com a variante Delta pode transmitir para 5 a 8 pessoas”, explicou o infectologista Nelson Barbosa.

Além de sintomas comuns como febre, tosse e desconforto respiratório, algumas crianças têm apresentado uma forma atípica de Covid-19 (Design/Getty Images)

Letalidade

O Ministério da Saúde indicou ainda que são 41 vítimas da Delta no País, número 13% maior do que os 36 óbitos registrados até uma semana atrás. O Estado com o maior número de mortes é o Paraná, com 19, até a quarta-feira, mas outros sete Estados também já contabilizam vítimas para a cepa: Rio Grande do Sul (8), Rio de Janeiro (7), Goiás (1), Maranhão (1), Pernambuco (1), Minas Gerais (1) e Santa Catarina (1). Além do Distrito Federal, com duas vítimas.

No entanto, pesquisas indicam que a letalidade está relacionada a pessoas que não tomaram nenhuma dose da vacina. “Nos Estados Unidos, 99% das mortes que ocorreram foram de pessoas que não tomaram nenhuma dose de vacina. As pessoas que tomaram um dose, ou completaram o ciclo vacinal com as duas doses, a doença é menos grave e todas as vacinas que estão disponíveis têm sim o controle da variante Delta”, pontuou Barbosa.

Pesquisas indicam que a letalidade está relacionada a pessoas que não tomaram nenhuma dose da vacina (Alex Pazuello/Secom)

Vacinas

O estudo “Effectiveness of Inactivated COVID-19 Vaccines Against Covid-19 Pneumonia and Severe Illness Caused by the B.1.617.2 (Delta) Variant: Evidence from an Outbreak in Guangdong, China”, publicado recentemente em uma plataforma vinculada à revista The Lancet, comprovou que a vacina CoronaVac é 100% eficaz para prevenir casos graves causados pela variante delta e 69,5% eficaz na prevenção de pneumonia decorrente da doença. A pesquisa foi desenvolvida pelo Centro Provincial para Controle e Prevenção de Doenças de Guangdong (China).

A vacinação ainda é a forma mais eficaz de prevenir a nova variante (Ricardo Oliveira/ Cenarium)

Já a vacina dos laboratórios Pfizer/BioNtech é mais eficaz para lutar contra essa cepa do que o imunizante da Oxford/AstraZeneca, mas sua eficácia desaparece mais rapidamente. Um estudo britânico indicou que, para as infecções com carga viral elevada, uma pessoa que recebeu a segunda dose da Pfizer um mês antes estava 90% mais protegida contra a variante do que uma pessoa não vacinada.

O percentual cai para 85% dois meses depois, e 78%, três meses depois. As pessoas que receberam as duas doses da AstraZeneca estão protegidas em 67% um mês depois; 65%, dois meses depois; e 61%, três meses depois.