Dia do Jornalista: profissionais relatam desafios de repassar informação em meio à pandemia

Os jornalistas destacam os desafios e barreiras que a profissão traz (Divulgação/ Junio Matos)

07 de abril de 2021

07:04

Victória Sales

MANAUS – Com o cenário de isolamento social e o aumento de casos do novo coronavírus, a procura por informação tem sido ainda maior. Neste dia 7 de abril, quando é celebrado o Dia do Jornalista, a REVISTA CENARIUM entrevista profissionais de comunicação sobre dificuldades e barreiras da profissão, principalmente no cenário atual com a pandemia do novo coronavírus.

De acordo com o jornalista Kelvyn Xavier, atender a necessidade da população sempre foi um desafio, mas com o cenário em que estamos presenciando esse processo se tornou ainda maior. “Eu que trabalho com internet, texto, com TV, imagens, me fez pensar exatamente sobre a importância da nossa profissão. As pessoas acreditam que é só aparecer em frente a uma câmera e passar a informação, mas na verdade nós somos mais que isso”, explicou.

O jornalista e repórter Gabriel Abreu destaca que um dos principais desafios da profissão atualmente é o combate às fake news. “Nós estamos trabalhando em um período onde todo mundo quer ser jornalista e compartilhar informações. Mas, para a construção de uma matéria, é preciso de muita técnica jornalística, a nossa famosa peneira. O nosso principal objetivo é fazer com que a informação chegue até a casa do nosso leitor ou telespectador de uma forma correta”, explicou.

Gabriel reforça ainda que o momento mais marcante da sua carreira foi cobrir a pandemia da Covid-19 durante a segunda onda em Manaus. “Nós vimos o desespero das pessoas na frente dos hospitais lutando por oxigênio, para fazer com que a pessoa que era tão importante para aquelas pessoas pudesse ter a chance de sobreviver. A gente ia todos os dias para os hospitais e víamos essa movimentação e a forma que as pessoas imploravam por oxigênio”, lamentou.

Jornalista Gabriel Abreu durante reportagem sobre a falta de oxigênio no Amazonas. (Reprodução/Gabriel Abreu)

Transmissão ao vivo

Um caso que chamou bastante atenção dos internautas foi quando o repórter Mateus Borges, da Record TV Bahia, durante uma entrada ao vivo, se emocionou ao ver o pai sendo vacinado contra a Covid-19. Na reportagem, o jornalista mostrava os postos de vacinação com o sistema drive thru, em Salvador, quando sem esperar, percebeu que sua família estava dentro do carro.

“Olha Zé, que coincidência, se combinasse, não ia dar certo! É o meu pai que vai ser vacinado. Eu sabia que ele ia vacinar hoje, mas não sabia que seria aqui neste exato momento. Meu pai recebendo a vacina. Minha mãe vai tomar depois, ainda tá longe ainda”, disse o repórter durante a transmissão.

Em lágrimas, o jornalista afirmou: “Desculpe a emoção, mas é que a gente fica na tensão vendo os idosos recebendo a vacina e comemorando. Com a vacinação das pessoas com 69 anos, o meu pai sendo vacinado ao vivo sem a gente esperar e nem combinar”.

Violência contra jornalistas

Segundo o relatório anual da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), nesta semana, o aumento de casos de violência não letal contra jornalistas em 2020 aumentou cerca de 168%, em relação a 2019. O documento cita os exemplos com profissionais de imprensa do Amazonas que ocorreram em outubro do ano passado, o qual foram empurrados por agentes de segurança do vice-governador do Estado, Carlos Almeida (sem partido), durante coletiva de imprensa.

Em 2019, de acordo com o estudo, foi registrado o assassinato de um jornalista e 150 casos de violência não letal, que tiveram o envolvimento de 189 profissionais e veículos de comunicação. O relatório destaca que foram relatados 39 casos de agressões corporais, sendo 26% do total, o qual envolveram cerca de 59 vítimas, um aumento de 67,5% em relação ao ano de 2019.

Nesta terça-feira, 6, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vieram a público repudiar a intimidação e a tentativa de cerceamento ao trabalho da jornalista Mariana Bond, que ocorreu no último dia 29 de março. O sindicato e a federação entendem que todo cidadão tem direito de se expressar da forma em que acha correto, mas não pode admitir que jornalistas se tornem alvos de qualquer grau de intimidação ou violência ao seu trabalho.