Em Manaus, adolescentes desaparecem em igarapé após procura por bola de futebol

População acompanhando as buscas pelos corpos dos jovens (Bruno Pacheco/Cenarium)

12 de julho de 2021

22:07

Victória Sales, Bruno Pacheco e Marcele Fernandes – Da Cenarium

MANAUS – Uma aposta valendo R$ 50 para quem pegasse uma bola de futebol que teria caído dentro do igarapé do Franco, na Avenida Brasil, zona Oeste de Manaus, teria sido o motivo que levou dois jovens, de 17 anos, identificados como Edmundo Alencar da Silva Neto e Moisés de Alves Araújo a se jogarem e desaparecerem nas águas por volta das 17h30 desta segunda-feira, 12.

De acordo com informações de pessoas que estavam no local, os jovens estavam jogando futebol no Centro de Convivência da Família Magdalena Arce Daou, também localizada no bairro Compensa, quando a bola caiu dentro do igarapé, e logo em seguida os jovens decidiram recuperar o objeto, entrando na água e se afogando. Além de Neto e Moisés, outro jovem também entrou na água, mas conseguiu se salvar. Ele foi levado ao Serviço de Pronto Atendimento (SPA) do São Raimundo.

Imagens registradas por moradores mostram o momento em que os adolescentes estão se afogando no igarapé. Em um vídeo, é possível ver os jovens desaparecendo sob as águas, enquanto a população se desespera ao ver a tragédia.

Momento em que os amigos e familiares gritam pelo nome dos jovens desaparecidos (Reprodução/Internet)

Manifestação

Por conta da demora da equipe do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) em se deslocar para o local, familiares e amigos chegaram a fechar uma das principais avenidas de Manaus, local onde ocorreu o fato, para chamar a atenção das autoridades. Até o momento, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), segue fazendo as buscas pelo local.

Corpo de Bombeiros já no local (Bruno Pacheco/Cenarium)

A mãe de um dos jovens que ainda está desaparecido e não quis se identificar informou que a equipe o Corpo de Bombeiros não queria atender ao chamado ainda esta noite, e informou aos familiares que só iria começar as buscas na manhã de terça-feira, 13. “Pela parte da manhã não resolve nada, a gente só vai sair daqui, eu só vou sair daqui a partir do momento que a gente puder encontrar, ou pelo menos puder sossegar, pois uma mãe tem que enterrar seu filho. É trágico, mas ela tem que enterrar, a gente jamais vai deixar as crianças dentro do igarapé”, afirmou a mãe, que não quis se identificar, chorando, após a notícia do desaparecimento do filho.

De acordo com o estudante Douglas Alves, primo de um dos jovens desaparecidos, ele estava em casa quando recebeu a notícia por intermédio de um conhecido que contou à família o que havia acontecido. “Na hora me falaram que ele pulou para buscar a bola e acabou sumindo. Infelizmente, aconteceu, mas a gente quer que seja pelo menos resgatado os corpos deles. O que aconteceu eu não desejo para família nenhuma. O rapaz conseguiu uma canoa e estamos com uma vara para tentar achar ao menos um deles”, explicou.

População acompanhando as buscas pelos corpos dos jovens (Bruno Pacheco/Cenarium)

Um dos jovens que também estavam jogando futebol com os outros adolescentes revelou a equipe de reportagem da CENARIUM, que os jovens apostaram cerca de R$ 50 reais para quem conseguisse pegar a bola dentro do igarapé. “Um não sabia nadar e o outro sabia e acabou fazendo a cabeça dele para irem, e quando o menino que não sabia nadar entrou no igarapé e se afogou, o que sabia nadar tentou salvar, mas eles acabaram sumindo dentro da água”, relatou.

Uma moradora do local, que não quis se identificar, relatou que no local existem muitos jacarés, e talvez o resultado desse sumiço seja esse. “Aqui nesse igarapé tem muito jacaré, a gente não sabe exatamente o que aconteceu com eles, pois já está de noite e muito escuro, e as buscas ficam cada vez mais difíceis, mas acredito que tenha um grande risco de um jacaré ter pego eles e levado para o fundo”, ressaltou.

Até a publicação da matéria, o Corpo de Bombeiros não se manifestou e não deu atualizações sobre o caso.

As buscas seguem no local (Bruno Pacheco/Cenarium)

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