Em Manaus, rio Negro atinge cota histórica dos últimos 100 anos com 29,98 metros

O nível da maior cheia dos últimos 100 anos foi atingido nesta terça-feira, 1º (Marcele Fernandes/Revista Cenarium)

01 de junho de 2021

08:06

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium*

MANAUS – O nível do rio Negro, em Manaus, atingiu 29,98 metros nesta terça-feira, 1º, se tornando a maior cheia dos últimos 100 anos na capital amazonense. Desde o domingo, 30, o rio estava estabilizado na marca da cheia de 2012, de 29,97, mas subiu um centímetro. Este é o maior nível atingido desde 1902, quando a cota da água começou a ser registrada.

O rio Negro atingir essa marca já era previsto pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Nessa segunda-feira, 31, o órgão realizou o último alerta de cheia e previu ainda que o nível do rio Negro alcance 30 metros, fique estabilizado e nas próximas semanas comece a baixar. Desde o primeiro alerta, ainda em março, foi projetada uma cheia de grande magnitude.

A pesquisadora Luna Gripp disse que o nível dos rios no Estado tende a se estabilizar nas bacias do Solimões e Negro e nas próximas semanas começar o período de vazante. “A tendência para os próximos dias é uma estabilização, a gente já vem observando aí na região, principalmente na central da bacia do Negro, Solimões e Amazonas. É de estabilização e a partir das próximas semanas provavelmente os rios devem começar a baixar, é isso que a gente começa a observar”, explicou Luna.

Chuvas

Um dos fatores que contribuíram para a cheia recorde dos rios no Amazonas foram as fortes chuvas nas bacias dos rios que contribuem especialmente para a cheia do rio Negro em Manaus. Além disso, o fenômeno La Niña perdeu forças no último mês. É ele que resfria os oceanos e faz com que a zona de formação de nuvens seja empurrada para áreas mais ao norte da região, onde se concentra o fluxo de umidade. A previsão é que as chuvas diminuam nos próximos meses de acordo com Renato Cruz Senna, meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).

“O La Niña encerrou e o Atlântico entrou numa condição de normalidade, então o que a gente espera, que as chuvas reduzam e muito fortemente na bacia do Solimões, na bacia do Negro, elas vão entrar numa condição de normalidade e ainda chove bastante nas bacias do rio Branco em Roraima e na do Negro nos próximos meses, mas a bacia do Solimões tem um papel muito importante nesse processo de cheia do rio Negro e que a tendência é que nos próximos dias as chuvas nessa bacia serão abaixo da normalidade para esta época do ano”, destacou o meteorologista.

Interior

Além da capital, outras 58 das 62 cidades do Amazonas também foram afetadas pela enchente. Segundo a Secretaria Executiva de Ações de Proteção e Defesa Civil, o Estado tem 455.573 pessoas acometidas e 111.096 famílias atingidas pelo desastre.

*Com colaboração de Gabriel Abreu