Em meio à ameaça de terceira onda da Covid-19, lojistas de Manaus temem novas restrições de funcionamento

Centro de Manaus lotado no último fim de semana antes do Natal. (Gabriel Abreu/ Revista Cenarium)

27 de maio de 2021

17:05

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em meio à ameaça de uma nova onda de casos de Covid-19 no Brasil, lojistas da capital amazonense temem uma nova paralisação e fechamento do comércio em razão de uma eventual subida de casos da doença. Nesta quinta-feira, 27, a REVISTA CENARIUM conversou com comerciantes sobre os reflexos de uma nova paralisação. Os empresários apontam que em uma possível redução nas vendas, postos de trabalho serão fechados.

A preocupação dos lojistas aumentou depois de uma declaração do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nessa quarta-feira, 26, de que o cenário pode estar ocorrendo em razão do afrouxamento de medidas de restrição à circulação de pessoas e distanciamento social ou efeito de nova variante.

“É uma preocupação. Nós assistimos agora a uma redução daquela tendência de queda de óbitos e isso pode se dever a uma flexibilização das medidas de bloqueio”, disse o ministro.

Impactos

No Centro de Manaus, além dos impactos já causados pela pandemia, os lojistas enfrentam a subida das águas do rio Negro. O presidente da Câmara de Dirigentes Logísticas, Ralph Assayag, disse que é muito duro, se o comércio for fechado novamente por uma eventual terceira onda da Covid-19.

“Estamos orientando clientes e lojistas sobre as medidas de prevenção contra a doença, seria muito duro se tivermos a terceira onda, cobramos de todos o uso da máscara. Esperamos que as festas clandestinas sejam combatidas e que o número de pessoas imunizadas contra a doença aumente, mas o impacto de uma terceira onda é preocupante”, salientou Assayag.

Há três anos, Paula Rebeca trabalha como vendedora em uma loja de roupas na avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus. Ela relata que trabalha todos os dias com o medo de perder o emprego já que por duas vezes a loja que trabalha ficou fechada.

“Para mim é um dia de cada vez, pois todos os dias a situação pode mudar já que os casos podem subir ou estabilizar. Está cada dia mais difícil com medo de perder o emprego, pois interfere muito nas vendas”, disse Paula.

Paula Rebeca trabalha numa galeria de roupas na avenida Eduardo Ribeiro há três anos. (Reprodução/TV Cenarium)

Retração

Ralph Assayag lembrou dos impactos financeiros que os lojistas tiveram por conta da segunda onda da Covid-19. De acordo com o presidente da CDL, muitas lojas ficaram fechadas durante três meses por conta das medidas de prevenção decretadas pelo governo estadual e também não podem fazer promoções.

“É muito difícil, nós precisamos vender, porém não podemos vender, pois não podemos aglomerar. Fica muito difícil fazer grandes promoções e não aglomerar para que possamos manter os protocolos de segurança, mesmo sabendo que precisamos vender mais para recuperar a perda de janeiro, fevereiro e parte de março que ficamos fechados”, desabafou o presidente da CDL Manaus.

Sem impostos

Nesta quinta-feira, 27, a Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem de Manaus (CDL Jovem) realizou a 10ª edição do Dia Livre de Impostos (DLI). A ação tem como objetivo conscientizar a população sobre a alta carga tributária paga pelos consumidores no ato da compra, materializando como os tributos representam grande parte do preço dos produtos. Por conta da pandemia, a ação ocorreu por meio de drive-thru e delivery para evitar aglomerações de pessoas.

Impostos em 2021

Em 2021, o manauara deve ultrapassar 153 dias somente para pagar impostos. Em 2020, esse número ultrapassou 6 meses, de acordo com Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). A média em que o brasileiro gasta trabalhando para pagar impostos é 150 dias por ano, somente para o pagamento de tributos sobre serviços e produtos.

O Dia Livre de Impostos foi criado pela Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem em 2003 e acontece em todos os Estados do País em mais de 1.200 cidades. Em 2020, a data contou com a participação de 26 Estados e o Distrito Federal com a colaboração de mais de 9 mil varejistas.