Enquanto jovens são maioria em casos de Covid-19 no AM, idosos amargam maior parte dos óbitos

Uildéia Galvão, médica de Manaus atende, com frequência, pacientes idosos com Covid-19 (Divulgação)

26 de dezembro de 2020

11:12

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Jovens com idade entre 20 e 40 anos, respondem por 61% do número de casos de Covid-19 diagnosticados no Amazonas, entre outubro e dezembro deste ano. Mas, quando são analisados os óbitos pela doença, o quadro se inverte: pessoas com 60 anos ou mais, representam 73% da estatística, apontam dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), órgão técnico do Governo do Amazonas, responsável por compilar as informações sobre a pandemia o novo coronavírus no Estado. Se somado ao percentual de mortes na faixa-etária de 50 e 59 anos, o número sobe para 86%.

As informações foram apresentadas na última semana, e serviram para nortear novas medidas de enfrentamento à pandemia na capital, Manaus, cidade que reúne, atualmente, a maior parte dos casos de Covid-19 e também de óbitos pela doença: 79.027 e 3.297, respectivamente. No Amazonas, os números de casos e de óbitos, até o último dia 25, foram de 195.806 e 5.161.

Os dados estatísticos comprovam a tese, divulgada à exaustão nos últimos meses, pelo Executivo estadual, de que os jovens têm contraído o novo coronavírus e transportado para ambientes domésticos e de trabalho, contaminando os mais velhos, que por sua vez, têm ocupado a maior parte dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na capital. A negligência também está associada ao número de óbitos: quanto mais pessoas infectadas, maior é a probabilidade de mortes.

Imagens divulgadas pelas autoridades de segurança do Estado, no período pós-flexibilização das medidas de combate à pandemia em Manaus, mostram jovens aglomerados em festas, sem o uso de máscaras e desprezando o distanciamento social, o que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é essencial para frear a transmissão do vírus.

Em Manaus, mesmo com campanhas educativas e agentes nas ruas, orientando a população, a taxa de óbitos para cada 100 mil habitantes é de 151, número 65,9% mais alto que a média do país, que fica em 91, conforme dados do SUS Analítico (tabela Covid-19 no Brasil).

Os sepultamentos e cremações de óbitos por Covid-19, nos cemitérios públicos de Manaus alcançaram, em setembro, a maior taxa desde o mês de junho (Mauricio Freire/ Semcom)

Para bloquear a disseminação do novo coronavírus, e evitar que a capital volte a níveis alarmantes, como ocorreu nos primeiros meses de pandemia, o Governo do Estado decidiu por paralisar atividades não essenciais e endurecer a fiscalização a festas clandestinas, bares e afins.

Além de multa, que pode chegar a R$ 50 mil, pelo descumprimento das medidas previstas em decreto, estão previstas apreensões de bebidas e equipamentos de som. Em caso de resistência às ações policiais, os responsáveis podem ser detidos para esclarecimento. O decreto foi publicado nesta semana e prevê, ainda, que shoppings e centros comerciais do mesmo perfil, atuem apenas no formato drive-thru, reduzindo o contato físico entre as pessoas.