02 de abril de 2021
13:04
Marcela Leiros
MANAUS – A equoterapia – um método terapêutico com cavalos muito utilizado para o tratamento de pessoas com necessidades especiais – oferece inúmeros benefícios para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com o lema “Equoterapia! Reabilitar é amar”, em Manaus, a prática é ofertada pelo núcleo de equoterapia da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), localizado na rua Tiradentes, bairro Dom Pedro, zona Centro-Oeste de Manaus.
A equoterapia busca o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e necessidades especiais. Para os praticantes com TEA, estimula o desenvolvimento da motricidade (comportamento, controle, habilidade e aprendizagem motora) e aspectos cognitivos e psicológicos. As atividades da terapia com cavalos geram ainda benefícios ao equilíbrio, concentração, postura, além de proporcionar melhora na interação social, contribuindo para o desenvolvimento global da criança com TEA.
Apesar de trabalhar com praticantes com várias patologias, a maioria dos praticantes de equoterapia no núcleo são pacientes com TEA, de acordo com o capitão da Polícia Militar, Alan Patrick. “Nós atendemos várias patologias. A abrangência da terapia com cavalos vai do autismo, Síndrome de Down, paralisia cerebral, sequelas do AVC [Acidente Vascular Cerebral], a alguma outra deficiência cognitiva ou motora. Os nossos praticantes são cerca de 60% com TEA”, afirmou o capitão, que está à frente da gestão do núcleo há oito meses.
No núcleo de equoterapia da PMAM, as atividades são coordenadas por profissionais da área da saúde de variadas especialidades como psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e educador físico, certificados pela Associação Nacional de Equoterapia (Ande) para atuar com praticantes do método terapêutico.
Segundo o capitão Alan Patrick, realizar este trabalho, participar e ver o desenvolvimento dos praticantes são gratificantes, ainda mais sabendo que está contribuindo para uma melhor qualidade de vida de pessoas com deficiências e necessidades pessoais. “Quem tem uma afinidade com a causa de cuidar das pessoas vai se sentir em casa e ter a oportunidade de aprender e se doar. A gente cria laços afetivos com os pais e praticantes de equoterapia”, ressaltou o capitão.
Até 2020, o núcleo de equoterapia atendia cerca de 60 praticantes, entre crianças, jovens e adultos. De acordo com o major Muniz, comandante do Regimento da Cavalaria, em 2021 a meta é dobrar a capacidade já que o governo do Amazonas inaugurou novas instalações do núcleo de equoterapia.
“Dobramos a capacidade, porque a gente recebeu um prédio novo que tem um picadeiro fechado, antes era um picadeiro aberto e por causa do clima, o sol de Manaus, o horário de atendimento ia até 9h, 10h. Com o picadeiro fechado recebido pelo governo do Estado, podemos estender esse horário de atendimento e chamar mais pessoas que estão na lista de espera”, afirmou o major.
Programas básicos da equoterapia
Além da saúde, a equoterapia também é utilizada para o desenvolvimento nas áreas da educação e equitação. A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final desenvolvem também novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima.
O método engloba quatro programas, que são Hipoterapia, Educação/Reeducação, Pré-Esportivo e Prática Esportiva Paraequestre. O primeiro é voltado essencialmente para área da saúde, com o desenvolvimento de pessoas com deficiência física e/ou mental. Neste caso, o praticante não tem condições físicas e/ou mentais para se manter sozinho no cavalo, necessitando de um auxiliar-guia para conduzir o animal, portanto não pratica equitação. Na maioria dos casos, também necessita do auxiliar lateral para mantê-lo montado, dando-lhe segurança.
O segundo programa pode ser aplicado tanto na área da saúde quanto na da educação/reeducação. Neste caso o praticante tem condições de exercer alguma atuação sobre o cavalo e pode até conduzi-lo, dependendo, em menor grau, do auxiliar-guia e do auxiliar lateral. Ainda não pratica equitação. O cavalo atua como instrumento pedagógico.
O terceiro programa é aplicado nas áreas da saúde ou da educação, quando o praticante tem boas condições para atuar e conduzir o cavalo. Embora não pratique equitação, pode participar de pequenos exercícios específicos de hipismo, programados pela equipe. A ação do profissional de equitação é mais intensa, mas ainda é necessária a orientação dos profissionais das áreas de saúde e educação.
O último programa prepara a pessoa com deficiência para competições paraequestres com os objetivos de estimular o prazer pelo esporte enquanto estimulador de efeitos terapêuticos; melhorar a autoestima, autoconfiança e da qualidade de vida; inserção social; preparar atletas de alta performance.
Ajuda
De acordo com o major Muniz, quem estiver procurando o método da equoterapia pode se dirigir ao Regimento da Cavalaria e não é necessário levar a pessoa com TEA ou qualquer outra deficiência. “Precisa levar os exames que identificam as necessidades que a pessoa tem, como um laudo médico e também a indicação médica”, explicou o comandante do regimento.
Com os documentos da pessoa, é marcado um exame pela equipe multidisciplinar, que vai avaliar as condições e necessidades do paciente para fazer o tratamento.
Edição: Alessandra Leite