ESPECIAL | Uma economia para o amanhã – Caviar amazônico, açaí e cocão

O caviar amazônico é feito de ovas das mais diversas espécies de peixes, das mais variadas cores (Acervo Pessoal)

20 de setembro de 2021

09:09

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Elaborado por quatro amigos que se conheceram no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o projeto Pérolas da Amazônia tem sido desenvolvido em Manaus, desde dezembro de 2020, com o objetivo de explorar uma nova oportunidade na cadeia de produção de pesca e aquicultura no Estado do Amazonas, a partir das ovas de peixes.

A iniciativa faz parte da agenda da Superitendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), por meio do Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na Amazônia (Capda), de fomento à ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento sustentável da Amazônia cuja coordenação fica a cargo do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) no Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio). Um dos idealizadores do projeto, o empreende dor César Oishi afirma, esperançoso, que prevê a geração de oportunidades com o Pérolas da Amazônia, com novos postos de trabalho e agentes atuando na cadeia produtiva de pescado.

“Durante esse período [de início das atividades], realizamos diversos testes para o aperfeiçoamento dos processos de produção dos análogos do caviar, como análises organolépticas, químicas e degustação. Atualmente, estamos trabalhando em alguns pequenos ajustes das formulações, com base nas opiniões dos degustadores, como na escolha da embalagem e identidade visual dos produtos”, explicou o empreendedor.

O grupo afirma que a ideia inicial da iniciativa era aproveitar a oferta das ovas de diversas espécies de peixes amazônicos, das mais variadas cores e tamanhos. Os objetivos, no entanto, estão sendo alcançados à medida em que a equipe atinge metas dentro do cronograma.

Os produtos do Pérolas da Amazônia ainda não estão no mercado, pois estão em etapas finais para obter certificação junto às agências reguladoras. No entanto, os empreendedores estimam que o projeto pode aumentar o valor agregado da matéria-prima, com o beneficiamento das ovas.

“Nossa proposta é valorizar um bioinsumo amazônico, comercializado a baixo valor de mercado e transformá-lo em produtos de alto valor agregado, resultando na geração de novos negócios, emprego e renda para a região. Estamos ansiosos com o lançamento dos primeiros produtos no mercado”, frisou.

Renda

César Oishi diz que o grupo está criando uma rede de fornecedores de matéria-prima que beneficia grupos locais de pescadores ribeirinhos e aquicultores familiares. O projeto possui quatro produtos, sendo três feitos a partir das ovas do tambaqui. Esses produtos passam por um processo de salga, pasteurização e coloração. Por último, há as Pérolas de Jaraqui, com um sabor que remete às refeições em família, como dizem os próprios degustadores.

“Nossos produtos podem ser utilizados em entradas juntamente com antepastos, harmonização de sabores, decoração e finalização de pratos, com utilização nas culinárias nacional e internacional, atendendo tanto à cozinha familiar quanto à alta gastronomia”, concluiu César.

No Acre

No Acre, ribeirinhos e povos tradicionais, como os que se organizam na Cooperativa de Produtores Familiares e Economia Solidária da Floresta do Mogno (Coopermogno), desenvolvem cadeia de valor de óleos vegetais e da produção de carvão vegetal a partir do resíduo do cocão (Aaleatess mannii).

O cocão é um fruto da cadeia de valor florestal não madeireira, desenvolvida dentro do Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório. Aproximadamente 222 famílias retiram o sustento através da coleta, beneficiamento e comercialização dos produtos do cocão, como o óleo, a torta e o carvão.

Amapá

No Amapá, uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) da cultivar de açaizeiro BRS Pai D’égua, atua no melhoramento genético do açaizeiro e apresenta dois diferenciais: produz 46% no período da entressafra (de janeiro a junho) e 54% na safra (de julho a dezembro) e apresenta frutos menores, resultando em 30% mais polpa em comparação com os frutos de açaí tradicionais.

Os projetos no Estado são divididos em temas estratégicos. De acordo com a Embrapa, aquicultura e pesca, recursos florestais, proteção de plantas e agricultura sustentável são o portfólio de pesquisas.