Especialista afirma que evolução do desmatamento é consequência das ações do governo federal

Desmatamento na Amazônia (Reprodução/Internet)

11 de julho de 2021

08:07

Victória Sales- Da Revista Cenarium

MANAUS – Os alertas de desmatamento na Amazônia mostraram um crescimento de 17% no primeiro trimestre do ano, em comparação ao mesmo período de 2020. Foram mais de três mil km2 desmatados em 2021. Mais de 1.602 km2, somente em junho, o que torna o maior número de desmatamento nesse período desde 2016, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com o ambientalista, Carlos Durigan, esse aumento se dá, principalmente, pelas ações do governo federal.

Carlos ressalta que o desmantelamento das estruturas de gestão e proteção também foram gerados pelas decisões do presidente da República, Jair Bolsonaro. Além do monitoramento, a fragilização das instituições responsáveis por gerir e coordenar ações de fiscalização. “Ainda tem o discurso de um governo que incentiva crimes de toda ordem como o desmatamento, a grilagem de terras, a mineração ilegal, a invasão de unidades de conservação, terras indígenas e quilombolas e que tem muitas vezes atuado até em defesa de criminosos, como foi o caso que envolveu o ex-ministro Salles com madeireiros ilegais no Pará”, afirmou.

Ainda em conversa exclusiva com a CENARIUM, o ambientalista lembrou que é muito triste todo este cenário que se completa com os retrocessos legais e normativos em curso no Congresso Nacional. “Esse cenário todo é onde os grupos de interesses específicos buscam desestruturar nosso arcabouço legal de proteção ambiental e de direitos, dando suporte a políticas criminosas que promovem ainda mais a degradação socioambiental”, explicou em tom de revolta.

Estatística

Bolsonaro assumiu a Presidência da República em 2019, e desde lá vem sendo alvo de diversas críticas nacionais e internacionais, quando o assunto é meio ambiente. Com a gestão do atual presidente do Brasil, os crimes ambientais como queimadas e desmatamento vem tendo um grande aumento no número de alertas. A equipe de Bolsonaro vem apostando ainda mais em operações militares, mas ainda não é possível identificar um registro significativo de diminuição da perda da vegetação.

O Estado do Pará já perdeu cerca de 438 km2 de floresta, o que aponta 41% de todo o desmatamento na região somente no mês de junho. Pelo terceiro ano consecutivo, o ritmo de desmatamento na Amazônia vem aumentando e pode indicar uma perda de mais de 10 mil km2. A meta apresentada pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), na Amazônia, não faz com que esse cenário mude.

Desmonte de órgãos fiscalizadores

Entre outros motivos, a fragilidade e o desmonte nos órgãos fiscalizadores vêm afetando ainda mais. O corte no orçamento para cobrir as operações em 2021 foi de mais de 35%. Durante o discurso na Cúpula dos Líderes sobre o Clima, realizado no dia 22 de abril, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou que iria fortalecer o setor para diminuir o número de desmatamento e queimadas no País.

Em 2021, as atividades sofrem um corte de R$ 11 milhões dos R$ 94 milhões que foram autorizados pelo Congresso. Com o comando do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a pasta sofreu um corte em torno de R$ 240 milhões, e para cumprir todas as atividades, o ministério conta com cerca de R$ 2 bilhões.

Influência

O ambientalista destacou que o desmatamento vinha em uma crescente, mas somente em 2019 houve uma aceleração e aumento ainda mais expressivo que podem ser relacionados à postura condescendente da atual gestão do País com grupos que promovem crimes ambientais na Amazônia. “Além disso, há um forte indicativo que une setores do governo federal, membros do congresso nacional numa frente de fragilização do arcabouço legal e normativo no Brasil”, ressaltou

Durigan salientou ainda que mesmo antes de mudanças, já vemos uma forte movimentação de iniciativas que já promovem este aumento de ocupação ilegal de terras públicas destinadas e não destinadas, além da não punição de crimes ambientais ligados a atividades de desmatamento e degradação ambiental na região. “E para piorar o cenário, alguns Projetos de Lei (PL) que fragilizam a legislação estão em tramitação no Congresso Nacional”, disse.

Veja mais no site