Especialista destaca a importância do planejamento financeiro durante a pandemia

Especialistas destacam a importância de ter um planejamento financeiro em lares que são liderados por mulheres, para superar a crise econômica (Reprodução/Internet)

30 de maio de 2021

08:05

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – Depois de mais de um ano da pandemia do novo coronavírus, a realidade financeira do mundo vem mudando diariamente. Especialistas destacam a importância de ter um planejamento financeiro em lares que são liderados por mulheres, para superar essa crise econômica, principalmente no Brasil. Segundo um levantamento da Consultoria IDados, que tem base o número do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2014 e 2019, cerca de 10 milhões de mulheres brasileiras passaram a sustentar os lares.

Conforme o economista Origenes Martins, a manutenção econômica dos lares neste momento de pandemia, principalmente quando se foca nas famílias de baixa ou praticamente sem renda, é bastante complicada. Em primeiro lugar vem a dependência do auxílio emergencial do governo, que está variando de valor por vários motivos. Em contrapartida a inflação vem Aumentando e tornando o valor dos alimentos um problema cada vez maior.

“A priorização dos gastos e a seleção destes, de acordo com a situação de cada nível familiar, precisa ser o primeiro cuidado. Ainda por cima, as famílias mantidas por mulheres enfrentam o grande problema da diferença cultural e econômica dos salários femininos sempre menores que os masculinos mesmo que em funções iguais”, ressaltou Origenes.

Origenes afirma ainda que o maior e mais recente exemplo é o consumo do ovo. Passou a ser o substituto da carne e salvação das famílias que vivem na linha abaixo do patamar da pobreza (miséria), mas por conta do aumento da demanda e da quebra da Safra do milho, teve um aumento do preço muitas vezes maior que a inflação.

De acordo com a assistente social Alessandra Amaral, ela sempre trabalhou e sempre teve uma vida financeira estabilizada, por conta da ajuda que recebia da mãe. “Na minha casa sempre era eu e a minha mãe que fazíamos o planejamento financeiro, quando eu saí da casa dela, me vi na obrigação de cuidar dos meus três filhos sozinha, com o salário que eu recebia”, salientou.

Alessandra conta que trabalhando em um hospital da rede estadual, ela lembra que durante o processo mais dolorido da pandemia ela precisou estar mais presente no hospital do que em casa. “No pico da pandemia, eu precisei ficar no hospital, no qual eu trabalhava seis dias e folgava apenas um, e meu planejamento financeiro já não fazia mais sentido, pois os meus filhos estavam mais em casa, eu precisava gastar com transporte e alimentação no trabalho, fora a escola do meu filho mais novo que precisava ser paga, então a pandemia afetou da forma mais brusca”, disse.

Assistente social, Alessandra Amaral (Reprodução/Facebook)

Para a autônoma Marna Rios Fernandes, de 50 anos, com os decretos de restrição os custos com gasolina ficaram menores, mas em contrapartida surgiram novas despesas que não faziam parte do planejamento. “As despesas alimentares aumentaram muito, o nível de inflação de produtos alimentícios e de higienização aumentaram ainda mais, e isso fez com que a gente mudasse outra vez o planejamento da casa”, afirmou.

Marna conta ainda que com a morte do pai, no dia 13 de janeiro de 2021, vítima da Covid-19, a situação financeira complicou ainda mais. “Ele era o responsável pela renda financeira da família, agora a pensão foi reduzida pela metade e estamos em um processo de adaptação, pois os custos continuam aumentando, e a nossa renda não é 100% fixa”, destacou.