Especialistas analisam possível impacto da venda de quatro fabricantes de automóveis para o PIM

Polo Industrial de Manaus representa a maior parte da matriz econômica da região. (Reprodução/ Internet)

17 de fevereiro de 2021

08:02

Jennifer Silva

MANAUS – A venda de quatro grandes empresas automobilísticas no País reflete o impacto econômico da pandemia no setor industrial brasileiro e pode não gerar reflexos no Polo Industrial de Manaus (PIM), conforme avaliação de especialistas entrevistados pela REVISTA CENARIUM nesta quarta-feira, 17.

O economista Origenes Martins diz que as indústrias automobilísticas precisam ser analisadas. “A Ford fechou fábricas pelo menos em quatro países, isso demonstra que a crise não é brasileira como fazem parecer. A questão está na mudança tecnológica. Até quando se vislumbram troca do tipo de combustível ou de motor”, explicou o profissional.

Fábrica da Mercedes-Benz que produzia carros de luxo em Iracemápolis (SP).(Reprodução/Internet)

No caso do PIM, Martins diz que há casos de encerramento de atividades semelhantes. “Algumas empresas conseguiram mudar seus produtos e acompanhar o mercado, estão firmes e a tendência é de crescimento. Já as que optaram por manter um modelo tradicional, acreditando na marca e desdenhando do mercado já fecharam ou vão acabar fechando”, enfatizou.

Quebra

O especialista econômico disse ainda acreditar que apenas uma quebra muito forte do sistema econômico geral do Brasil pode inviabilizar as atividades do PIM. “Um desses perigos é manter uma relação ruim do nosso país com o sistema mundial por conta de ideologias”, relacionou o economista.

Já a especialista econômica, Denise Kassama, analisa que a fragilidade causada pelo distanciamento social atingiu a produção fabril como um todo. “A situação de Manaus não é diferente. E ainda temos o agravante do isolamento geográfico. Quanto mais tempo a pandemia durar, será mais difícil o processo de recuperação econômica”, detalhou Kassama.

Especialista diz que a Zona Franca de Manaus (ZFM) oferece maior segurança jurídica e tratamento isonômico. (Reprodução/Internet)

Bom investimento

Segundo a especialista, as determinações estipuladas pelo governo estadual promoveram o equilíbrio da manutenção das atividades industriais e a preservação das vidas. “O PIM é o grande contribuinte tributário e sua arrecadação e seu funcionamento é importante até mesmo para manter as atividades de combate à pandemia”, defendeu Denise.

A economista explicou que em cenário de instabilidades de mercado, o investidor busca lugares confiáveis para aplicar recursos. E que no atual cenário, a Zona Franca de Manaus (ZFM) oferece maior segurança jurídica e tratamento isonômico, se tornando uma saída viável.

A Ford também está proibida de praticar assédio moral negocial (Reprodução/Internet)

“Tenho notado um aumento na demanda por informações sobre ZFM desde o último trimestre de 2020 por empresas que buscam nos incentivos uma forma de minimizar o impacto da alta do dólar. Além disso, a decisão de ficar ou não no PIM está mais relacionada a fatores exógenos do que a política de incentivos fiscais”, esclareceu a consultora econômica.

Vendas

São quatro no total, as fábricas de veículos à venda por conta dos fechamentos anunciados em dezembro e janeiro. Mercedes-Benz, que produzia carros de luxo em Iracemápolis (SP), e três unidades fabris da Ford na Bahia, Ceará e também em São Paulo.