Estudo mostra que Amazônia se tornou fonte de carbono por interferência humana

Área desmatada na Amazônia: o mundo exige que o governo resolva o problema já. (Carlos Fabal/AFP)

18 de outubro de 2021

12:10

Victória Sales – Da Cenarium

MANAUS – O artigo “Amazonia as a carbon source linked to deforestation and climate change”, publicado em julho deste ano, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), destacou que as regiões da Amazônia com desmatamento apresentam alteração na estação seca. Segundo o estudo, essas regiões emitem carbono 10 vezes maior que as regiões com menos de 20% de desmatamento. Além disto, a tese apresentou que esse aumento foi causado também pelas queimadas criminosas e mudanças climáticas.

O trabalho foi realizado pela pesquisadora Luciana V. Gatti e contou com a parceria de cientistas de universidade e instituições de pesquisa estrangeiras, sendo elas a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Instituto de Pesquisa do Norte (Ipen), National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), University of leeds, entre outros.

Resultados

A pesquisa apresentou resultados após 9 anos de estudo, com 600 voos, um avião de pequeno porte, com 8 mil amostras coletadas desde 4,4 km de altura, em quatro localidades diferentes na Amazônia, representadas pelas regiões Nordeste, Sudeste, Sudoeste, e Noroeste da localidade, o qual mostrou que a variação de emissões de carbono nas quatro regiões está relacionada ao desmatamento e às mudanças climáticas.

Uma medida de representação em escala regional foi utilizada pelo grupo de pesquisa, que permitiu obter uma média sobre o que a Amazônia representa no balanço global de emissão de carbono. O período foi decidido após observação de estudos passados, em que a Amazônia apresentava uma grande variabilidade ano a ano na emissão de carbono.

Desmatamento no Sul do Amazonas, em Apuí. (Foto: Jonatas Boni/ G1)

Segundo o artigo, o desmatamento florestal diminui conforme a Floresta Amazônica absorve carbono da atmosfera. No local de estudo foram encontradas magnitudes diferentes de desmatamento. “As partes em que são mais desmatadas apresentaram uma seca mais estressante para a floresta, o que significa que, nestas regiões, são emitidos 10 vez mais carbono do que em áreas com desmatamento inferior a 20%”, diz o documento.

As regiões do Sul do Pará e Norte do Mato Grosso apresentaram o pior cenário, em que a floresta apresenta uma fonte de carbono para a atmosfera e a cada ano vem se tornando ainda maior, além de apresentar também maiores áreas de queimadas de floresta. A localidade gera ainda mais preocupação por conta da degradação que leva ao aumento de mortalidade das árvores.

Encontro global discute meio ambiente

O mercado de créditos de carbono passou a ser possibilidade em diversos países por meio do Acordo de Paris. Mas, depois de seis anos, apenas países desenvolvidos conseguiram contemplar mercados regulados. O mercado global de carbono movimentou cerca de US$ 272 bilhões ou 229 bilhões de euros, em 2020. Segundo Banco Mundial, os ambientes que foram regulados geraram um total de US$ 53 bilhões (R$ 273,7 bilhões) em receitas em todo o mundo.

No Brasil, a iniciativa foi apresentada pelo deputado federal e vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PM-AM), por meio do Projeto de Lei (PL) 528/2021, que institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões. Espera-se que o País apresente Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) durante a COP-26. A proposta tem como base o ano de 2005, que intitulou reduzir 43% das emissões de carbono até 2030.