Ex-secretário de Saúde do AM reage ao relatório final da CPI: ‘Sofreu pressão política’

O ex-secretário de Saúde do estado do Amazonas Marcellus Campêlo (PABLO JACOB / Agência O Globo)

26 de outubro de 2021

20:10

Gabriella Lira – Da Cenarium

MANAUS – Além do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), se posicionar sobre a inclusão do nome dele no relatório final da CPI da Covid, o ex-secretário de saúde do Estado Marcellus Campêlo também se posicionou sobre a sugestão do indiciamento. Em uma nota de esclarecimento divulgada nesta terça-feira, 26, Campêlo afirma que a aprovação do documentou “sofreu pressão política”.

“Respeito o trabalho da CPI, mas ficou claro que o relatório final, com relação ao Amazonas – infelizmente –, sofreu pressão política, com claros interesses eleitorais”, diz Campêlo na nota, fazendo referência à suspeita de ameaças, por parte do senador amazonense Eduardo Braga (MDB), para que os senadores aprovassem a sugestão de indiciamento.

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“Jamais me omiti no combate à pandemia, no período em que estive à frente da Secretaria de Saúde do Amazonas. Reitero que tenho total interesse em esclarecer os fatos e venho contribuindo para isso, com depoimentos e fornecimento de documentos. Assim continuarei para que a verdade prevaleça”, pontua ainda o ex-secretário de saúde.

O que disse Wilson Lima 

Também nesta terça-feira (26), o governador do Amazonas, Wilson Lima, criticou a postura do senador Eduardo Braga (MDB/AM), após a votação do relatório final da CPI da Covid, e afirmou, por meio das redes sociais, que o parlamentar costuma agir à base de ameaças. 

“Eduardo Braga está agindo da forma que os amazonenses já conhecem. À base de ameaça para incluir meu nome no relatório da CPI, prometendo não votar caso não consiga o que quer. Ele quer incluir meu nome no relatório final – mesmo sabendo que não fui sequer investigado pela CPI”, disse Wilson Lima.

O senador Eduardo Braga é adversário político de Lima e deve concorrer ao governo em 2022. Braga também foi um dos principais defensores da abertura do comércio em Manaus, quando a capital foi atingida pela nova variante do coronavírus, em dezembro do ano passado, e já foi governador por dois mandatos, no Amazonas. “Seu interesse visa, exclusivamente, às eleições de 2022 e a razão da vida dele é tentar sabotar o meu governo, que vem fazendo mais em dois anos do que ele em 8. Deixa o trabalho falar, senador, e pare de picuinha”, completou Wilson Lima.

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Reforçando o interesse em comandar o Estado, desde que perdeu as eleições para José Melo (Pros), em 2014, em sua última visita a Silves, a 200 quilômetros de Manaus, por exemplo, Eduardo Braga foi recepcionado com uma faixa de agradecimento a ele por conta da liberação de emendas para a cidade e aproveitou o momento para se autointitular como a “esperança do Amazonas”.

“A esperança de dias melhores está chegando e essa esperança tem nome e sobrenome, Eduardo Braga, e os nossos amigos que podem construir a esperança de dias melhores para o povo do Amazonas. Muito obrigado, que Deus abençoe a todos (sic)”, disse Braga.

Além disto, o eventual candidato ao governo também apareceu dançando zumba com apoiadores, em agosto deste ano, no bairro Lírio do Vale, zona Oeste, em Manaus. O parlamentar publicou um vídeo nas redes sociais compartilhando o momento e se aglomerando com apoiadores.

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Fake news

No mês passado, o senador Eduardo Braga usou as suas redes sociais para publicar uma matéria de quase seis meses atrás sobre um aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no diesel, como se fosse atual, e criticar o Governo do Amazonas. Braga é provável candidato ao governo do mesmo Estado, nas eleições de 2022, e se coloca como oposição ao governador do Amazonas Wilson Lima (PSC).

No post de setembro, Braga inseriu um print do portal d24am, cuja publicação foi feita no dia 30 de março de 2021, que trata da realização de uma audiência pública para debater o preço do diesel no Estado. A mudança na base de cálculo do imposto ocorreu, na época, em todo o Brasil, atendendo a um entendimento do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

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