‘Paraguai é a prioridade quando o Brasil puder exportar vacinas’, diz Ernesto Araújo

Chanceler Ernesto Araújo acredita que a vacina pode contribuir futuramente com a Balança Comercial Brasileira (Reprodução/Exame)

20 de março de 2021

20:03

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – O colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, estampou uma das mais surreais falas de um agente do atual governo brasileiro. O chanceler Ernesto Araújo afirmou que o “Paraguai será prioridade quando o Brasil puder exportar vacinas”. “É melhor esperar por esse dia sentado — assim como os brasileiros, aliás”, desabafou Ancelmo Gois.

O comentário do representante da diplomacia do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) poderia ser uma fake news, mas, por se tratar de fonte confiável como é o jornalista Ancelmo Gois, não há dúvida de que o comentário, por si só é infeliz, veio no pior momento da pandemia no Brasil. De tão esdrúxulo, chega a parecer uma piada.  

A retórica de Ernesto Araújo sequer levou em conta a dura realidade da pandemia no Brasil, que mata em média quase 2.000 mil pessoas por dia no País. O Brasil perdeu, em uma semana, 15 mil vítimas fatais do vírus Sars-Cov-2. De acordo com cientistas e especialistas da área médica, muito disso poderia ter sido evitado, se o País tivesse efetivamente um plano de vacinação.

A fala do chanceler brasileiro desnuda exatamente o quadro grave de um País em desgoverno. Sem atentar para a realidade, o nome forte das relações internacionais do Brasil, delira ao vislumbrar no horizonte a perspectiva de ‘exportar’ vacinas quando o País que é hoje o epicentro da pandemia no mundo, não vacinou sequer 10% de sua população.