Famílias brasileiras endividadas batem novo recorde e economista dá dicas para ‘sair do vermelho’

Endividamento das famílias brasileiras bateu recorde durante a pandemia. (George Doyle/Thinkstock)

05 de agosto de 2021

17:08

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O percentual de famílias que relataram ter dívidas no mês de julho chegou a 71,4%, o maior patamar da série histórica, iniciada em 2010. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quinta-feira, 5, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). À CENARIUM, a economista Denise Kassama deu 10 dicas para ajudar as famílias a se “livrarem” do endividamento.

A alta é de 1,7 ponto percentual na comparação com junho e de 4 pontos em relação a julho de 2020, o maior aumento anual verificado desde dezembro de 2019. As dívidas incluem cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

As famílias com dívidas ou contas em atraso chegaram a 25,6%, o terceiro aumento seguido. O número é 0,5 ponto percentual acima do nível de junho e 0,7 ponto abaixo do apurado em julho do ano passado. Já as famílias que disseram não ter condições de pagar suas dívidas em atraso e que vão continuar inadimplentes aumentou de 10,8% para 10,9% de junho para julho. Na comparação anual, houve queda de 1,1 ponto percentual.

Quitação

O tempo médio de atraso para quitação das dívidas ficou em 61,9 dias em julho. A principal dívida das famílias é no cartão de crédito, modalidade assinalada por 82,7% dos endividados, o maior nível da série histórica. Carnês de lojas foram indicados por 18% das famílias, 9,8% têm dívidas com crédito pessoal e 9,7% com financiamento da casa própria.

Confira as dez dicas para ‘sair do vermelho’

1 – Conversar com a família. Segundo a economista, a primeira coisa a ser feita é conversar com as pessoas que compõem o núcleo familiar para que todos estejam conscientes e apoiem as ações a serem tomadas em prol das metas.

2 – Estabelecer uma meta, como melhorar a saúde financeira da família, quitar as dívidas, comprar um bem de consumo durável ou fazer uma viagem. A fixação de metas estimula as ações para alcançá-las, elas devem ser mensuradas em reais. Por exemplo: quitar uma dívida de R$ 100.

4. Começar a cortar os gastos. Para isso, é bom listar por ordem de prioridades ou importância. Em seguida, analisar itens que podem ser cortados ou diminuídos. Normalmente a redução se dá por meio de pequenos cortes e dificilmente em grandes.

5. Pesquisar antes de comprar. Essa consulta de preços antes de realizar compras serve para quaisquer itens, sejam eles de bem duráveis ou de dispensa mensal. O guia ajuda a poupar e orientar o bom uso do dinheiro disponível.

6. Negociar as dívidas. Está devendo o banco? O cartão está estourado? Não ignore. É preciso encarar o problema de frente: negociar e estabelecer uma parcela que caiba no orçamento. Mesmo que demore muito para pagar.

7. Supermercado. Fazer uma lista com base no consumo do período e ser fiel a ela. Resistir ao “vou levar só mais isto aqui”. Experimentar marcas diferentes e mais baratas. Não levar crianças nas compras, pois, às vezes, é impossível fugir de seus pedidos.

8. Fugir do cartão de crédito e do cheque especial. Comprar à vista sempre que puder, além de evitar o uso do cartão para gastos simples e evitar adquirir uma dívida difícil de pagar.

9. Reduzir gastos com água e energia. Desafiar a redução mensal dessas contas. Evitar desperdício de água na torneira, apagar a luz ao sair do quarto, não abrir e fechar a geladeira toda hora. Evitar uso constante de ar-condicionado, máquina de lavar, chuveiro elétrico e ferro de passar roupa. Assim como vazamentos, banhos demorados, muitas lavagens na máquina de lavar.

9 – Buscar uma renda extra. Se mesmo assim, a situação continuar ruim, busque uma renda complementar. Faça bolos para vender, artesanato ou uma atividade que esteja dentro de sua capacidade. Não tenha vergonha. Pode até ser que você acabe se descobrindo em uma nova profissão.

10 – Conhecer/entender o tamanho do orçamento familiar. Somar todas as rendas da família (salários de todos que participam economicamente, receita de vendas em caso de empreendedores, receita de aluguéis se houver, pensão etc.). Depois, começar a enumerar os gastos mensais (alimentação, aluguel, transporte).

É fundamental listar e quantificar em reais todas as ‘despesas da família’. Essas informações devem constar em um caderno ou planilha, e precisam ser analisadas todos os meses.

  • Se receita > despesa, a família está de parabéns. Não tem dívidas, mas precisa avaliar se com o excedente gerado em quanto tempo irá chegar na meta;
  • Se receita = despesa, a família está no equilíbrio, mas não está sobrando. Qualquer despesa não prevista poderá desequilibrar o orçamento;
  • Se receita<despesa, a família está em desequilíbrio e com dívidas. Ações precisam ser tomadas.