18 de novembro de 2021
09:11
Luís Henrique Oliveira – Da Revista Cenarium
MANAUS – A Polícia Civil do Ceará investiga um crime de feminicídio ocorrido na última terça-feira, 16, na cidade de Creteús. Segundo a polícia, Jaime Rodrigues Teixeira, de 34 anos, é apontado como suspeito da morte da ex-namorada, Nadinny Antonia Oliveira Honorato, de 25 anos.
De acordo com as investigações, o homem teria invadido o escritório de contabilidade em que Nadinny trabalhava e desferido vários golpes de faca contra a vítima. O homem permaneceu no local do crime e acabou sendo surpreendido com a chegada de policiais do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio).
“Ainda com a faca nas mãos, o suspeito avançou contra os policiais militares e tentou cometer suicídio em seguida. Ele foi imobilizado e preso. Mas mesmo ao ser levado para a viatura, avançou novamente contra os policiais e tentou fugir, mas não teve sucesso. Ao lado de fora do trabalho da jovem, algumas pessoas o aguardavam. Se a PM não tivesse chegado, ele teria sido linchado”, disse uma fonte policial que preferiu não se identificar.
O suspeito foi levado para o Centro de Triagem em Novo Oriente. Já o corpo da vítima foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Creteús e, segundo peritos que realizaram os primeiros levantamentos, a vítima foi atingida com mais de 30 golpes. O laudo oficial deve ser divulgado nos próximos dias.
Feminicídio no Brasil
Na análise da bacharel em direito, ativista social e feminista amazônida, Regiane Pimentel, o Brasil é um dos quatro piores lugares para as mulheres viverem na América Latina. “O Brasil é o pior lugar da América do Sul para se criar uma menina. Nessa pandemia os números de feminicídios extrapolaram. Nem se tem dados recentes a respeito, mas em alguns estados brasileiros chegou-se a mais de 100 por cento os crimes contra as mulheres. É surreal. Todo dia vemos no noticiário mulheres sendo assassinadas por seus maridos ou ex-companheiros. O lar que deveria ser o lugar mais seguro para uma mulher se tornou o pior, escancarou-se os crimes de gênero”, disse.
Segundo Observatório de Igualdade de Gênero da América Latina e do Caribe, o crime de feminicídio corresponde à quantificação anual de homicídios de mulheres assassinadas por razões de gênero. Se expressa em números absolutos e em taxas por cada 100 mil mulheres. De acordo com as legislações nacionais, se denomina femicídio, feminicídio ou homicídio agravado por razões de gênero.
“A palavra feminicídio é nova para uma prática tão antiga, homens que matam mulheres pelo seu gênero, só por serem mulheres, por acharem que são donos de suas vidas e corpos ocorre há muitas décadas”, finaliza a ativista social.
Dados
Em julho deste ano, um levantamento apurado pelo jornal Estadão mostrou que em meio ao isolamento social, o Brasil contabilizou 1.350 casos de feminicídio em 2020 – um a cada seis horas e meia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número é 0,7% maior comparado ao total de 2019. Ao mesmo tempo, o registro em delegacias de outros crimes contra as mulheres caiu no período, embora haja sinais de que a violência doméstica, na verdade, pode ter aumentado.