Hotéis do AM poderão continuar fechados após a pandemia, dizem sindicatos

A medida esperada pela categoria é a isenção de taxas e tributos públicos para manter o mínimo de funcionamento. Foto: Divulgação

01 de maio de 2020

17:05

Nícolas Marreco

MANAUS – Na reinvenção da economia ante ao isolamento social, empresas e negócios fazem como podem. O setor do turismo, no entanto, enfrenta a pior recessão do século com a pandemia do novo Coronavírus. Os 127 hotéis, principalmente, instalados no Amazonas estão totalmente inertes, segundo o Sindicato de Hotéis, Bares e Similares (Sindhotéis).

Para o presidente, Paulo Tadros, nenhuma medida concreta para tentar “ressuscitar o turismo” foi tomada, sendo uma total catástrofe. Nesse cenário, não há qualquer reação para os donos de estabelecimentos no setor que chega a arrecadar anualmente cerca de R$ 540 milhões, conforme o governo do estado.

“Ninguém está enfrentando nada. Pé, mão, boca, tudo está amarrado. O que aconteceu foi que todo mundo fechou, não tem reação. Quem dá a vida à hotelaria são os hóspedes, e quem trazem os hóspedes são as companhias aéreas. O hóspede viaja para trabalhar ou lazer e turismo, o que não está acontecendo. É uma catástrofe; corre o risco de não ter hotéis quando a economia voltar”, frisou.

Num possível cenário de retomada da categoria, Tadros afirmou que esse tipo de atividade é diferente e que “não volta em 2, 4, 8, 10 meses”. O fator variável vai ser, de grande parte, definido pelas malhas aéreas pelas demandas das pessoas em viajar. “Os caras [turistas] vão ficar com a ideia muito fixa na cabeça de pegar a doença; principalmente para nós, que estamos na mídia como um dos lugares que mais têm problemas”, enfatizou.

Medidas vazias

Tadros também reafirmou a negatividade do cenário com a falta de suporte do poder público que atenda às demandas dos empresários. Com a redução do faturamento, fechar as contas no fim do mês sem débitos é o desafio que muitos enfrentam com dificuldade. Uma solução que atenderia a classe é a isenção de impostos durante o decreto de estado de calamidade pela pandemia.

“Os hotéis têm custos fixos monstruosos, e as providências municipais e estaduais não estão vindo. Como o cara vai pagar o tributo postergado se ele não está faturando? E quem aguenta pagar IPTU, Alvará sem atividade por um ano?”, questionou. A referência é sobre os tributos e taxas com datas de pagamento adiadas, anunciadas pelo Executivo. Nesse sentido, o executivo afirma que uma “bola de neve” pode ocorrer com os donos de hotéis emprestando para quitarem os impostos.

“Como vai pagar o empréstimo quando vencer? Porque aí vai dar a propriedade como garantia e vai perde-la, não vai ter como quitar. O empresário da hotelaria tem que ter várias outras empresas e um capital de espera muito grande para aguentar todo esse negócio. O turismo depende especificamente de tudo o que não temos mais”, criticou, citando mão de obra e eventos em geral, por exemplo.

Bares e restaurantes

Ainda segundo Tadros, aproximadamente 2.800 restaurantes estavam funcionando no Amazonas até os decretos de isolamento. A dinâmica do próprio negócio em si, entretanto, permite uma agilidade que abre janelas de oportunidade em crises. O delivery, por exemplo, é citado pelo presidente sindical da classe como um caminho ao qual muitos aderiram para driblar a recessão.

“Eles ainda têm esse pouquinho de formas de lidar com a crise. A estrutura não é pesada; ele fecha a torneira do gás, apaga a luz e não é cobrado. Acorda com os funcionários de reduzir a jornada e depois retoma normalmente. Estão com a capacidade baixa, mas tem uma facilidade de retorno mais ágil”, finalizou.

Agências de turismo

O Sindicato das Empresas de Turismo do Amazonas (Sindetur), também vinculado à Federação do Comércio no Amazonas (Fecomércio) assim como o Sindhotéis, também avalia a liberação de R$ 5 bilhões para créditos às empresas como inócua. O anúncio foi resposta do Ministério do Turismo frente à crise no setor, juntamente com a Medida Provisória que altera a natureza jurídica da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur).

A ideia é transformá-la em serviço social autônomo, sob regime jurídico de direito privado, sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública. Assim, irá desvincular-se do orçamento da União e terá como receita financeira as contribuições sociais apuradas pela Previdência Social para o Sistema S. O montante será de 15,75% do adicional de Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide), além de poder receber outras fontes de receita.

Enquanto o texto-base foi aprovado na terça, 27, na Câmara dos Deputados, o presidente do Sindetur, Mario Tadros, indicou que para o turismo receptivo e hotelaria funcionarem é preciso a suspensão de todo tipo de imposto ou taxa. “Os custos de um hotel parado têm praticamente nenhuma diferença com ele funcionando, e isso num faturamento zero? Não faz sentido algum. É importante que o estado entenda que a história de adiar imposto não resolve o problema”, concluiu.