10 de agosto de 2020
12:08
Luciana Bezerra – Da Revista Cenarium
MANAUS – A nova geração de indígenas do país está cada vez mais conectada com o mundo exterior. A jovem indígena Maira Gomez, da etnia Tatuyo, é um exemplo disso. A bela indígena, cujos cabelos são mais negros que a asa da graúna e o sorriso mais doce que o favo da jati, como narra o romancista José de Alencar no romance Iracema, tem mais de 1,2 milhão de seguidores no TikTok, e faz sucesso na plataforma mostrando o dia a dia da comunidade onde mora.
Conhecida como Cunhaporanga, que significa “moça bonita”, Maira tornou-se a jovem indígena mais popular e seguida da sua aldeia, localizada a aproximadamente 40 minutos de Manaus, de barco.
Nos vídeos de poucos segundos, a jovem indígena divide com os seguidores as tradições de sua etnia, demonstra os diferentes hábitos da comunidade e responde as dúvidas do público curioso sobre a cultura Tatuyo.
Em um dos vídeos mais assistidos da jovem indígena no TikTok, que chegou a 5 milhões de visualizações, por exemplo, ela explica como é a relação das mulheres da sua etnia quanto ao uso do absorvente durante o período menstrual.
Em outro vídeo Maira esclarece sobre como são realizados os partos na aldeia, que acontecem diferente dos realizados nas aldeias urbanas. Segundo a jovem indígena, os partos são realizados pelos próprios maridos das gestantes.
Maira parabeniza a mãe em um dos vídeos e divide com os seguidores o amor que tem pela matriarca da família.
Além disso, a Cunhaporanga compartilha dicas de beleza e estética facial com as seguidoras como, por exemplo, como as mulheres da etnia Tatuyo fazem para manter as lindas e longas madeixas sem o uso de produtos químicos. “Aqui as mulheres usam apenas sabão e babosa para hidratar os cabelos”, diz no vídeo Maira.
A Cunhaporanga compartilha ainda com os seguidores como é realizado o ritual de passagem das meninas da aldeia para a fase a adulta da vida.
Tecnologia em prol dos direitos
Para a pesquisadora de educação indígena, Marina Terena, a cultura das etnias também é dinâmica e não está imune às transformações que a sociedade vive.
“É preciso que isso se torne claro para o não índio, para acabar com determinados preconceitos. A tecnologia já está disponível para todas populações, indígenas ou não indígenas. O próprio movimento indígena hoje se mantém graças à tecnologia, através da disseminação da luta de seus direitos, sua cultura, sua história e trajetória”, destaca a pesquisadora.
De acordo com Marina Terena, os projetos que têm levado internet para as aldeias são reivindicações dos próprios índios, principalmente dos mais jovens. “Há um tempo, não tínhamos nem energia. Hoje a gente tem aldeias com elementos urbanos, com energia, com acesso à internet. As redes de conexão chegam principalmente por causa das escolas indígenas e, na maioria das vezes, a conexão é disponibilizada para o restante da aldeia”.
Visita à comunidade
A comunidade da etnia Tatuyo está acostumada a receber turistas interessados em conhecer como é viver numa comunidade indígena, aprender sobre a história das etnias do Rio Negro, sobrevivência na selva Amazônica, danças e rituais Tatuyo.
Para visitar a comunidade, os interessados devem agendar visitas pelo número: 0 55 98 458 6242.