08 de julho de 2021
15:07
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Um dia após derrubar a página de Sikêra Junior do Instagram, a conta do influenciador na rede social foi reativada nesta quinta-feira, 8. O perfil foi desativado após o apresentador ofender os homossexuais com palavras de baixo calão.
Apesar de reativada, a conta do apresentador do Alerta Amazonas e Alerta Nacional está privada, ou seja, não pode ser vista por quem não o segue. Ele ainda tem mais de 6 milhões de seguidores, mas apenas uma publicação.
No último dia 5, a CENARIUM se manifestou sobre a conduta do apresentador. Leia aqui.
Ataques constantes
A comunidade LGBTQIA+, mulheres e minorias eram alvos constantes dos ataques de Sikêra e a última publicação, antes da desativação do perfil, fazia uma piada de cunho machista. “Mulher, se você passou em frente a uma obra e nenhum pedreiro assobiou… acabou para você!”, escreveu.
Na semana passada, o MPF ajuizou uma ação civil pública contra o apresentador e a RedeTV!, pedindo indenização de R$ 10 milhões pelo crime de homofobia. Durante o programa, Sikêra atacou diretamente os homossexuais. “A gente tá calado engolindo essa raça desgraçada. Nojo de vocês. Vocês não reproduzem, vocês são nojentos. Não é normal não. Se você quer dar esse r***, dê, mas não leve as crianças não”, disse.
Um movimento intitulado #DesmonetizaSikera foi iniciado pelo perfil @SleepGiants, logo após a ofensa aos homossexuais, como forma de questionar as empresas sobre a verba e os anúncios veiculados no Alerta Amazonas e Alerta Nacional. Cerca de 37 empresas retiraram os patrocínios do programa.
Sikêra se referia a uma propaganda da rede de fast food Burger King, na qual a empresa mostrou – com apoio de psicólogos e outros especialistas – como conversar com as crianças sobre o respeito à orientação sexual das pessoas.
‘Mulher sebosa’
Antes do caso de homofobia com a Burger King, Sikêra já era objeto de denúncia federal. O MPF ajuizou, no dia 6 de junho, uma ação civil pública pedindo que o apresentador seja condenado por “dano moral coletivo decorrente de discurso de ódio às mulheres“.
A ação se refere a um episódio ocorrido em 5 de junho 2018, quando o, então, âncora do programa “Cidade em Ação”, da TV Arapuan, afiliada da RedeTV!, teria usado expressões racistas e misóginas para se referir a uma mulher negra, presa sob custódia na Paraíba.
O apresentador disse que a vítima tem “venta de jumenta“. Ele também disse que “mulher que não pinta a unha é sebosa”. Para o MPF, o apresentador feriu “a dignidade tanto da mulher a quem ofendia, e que teve seu rosto exibido em um telão, quanto à coletividade das pessoas do sexo feminino”.
‘Covid-19 é um H1N1’
O maior apresentador do Amazonas no Brasil, também, é conhecido por disseminar fake news. No dia 8 de janeiro, ele disse em seu perfil do Twitter que o novo coronavírus é semelhante ao H1N1.
“A Covid-19 é um H1N1 com uma baita assessoria de marketing”, declarou o apresentador, no dia 8 de janeiro, que chegou a ter a doença em 2020 e foi afastado da função.
Ligado politicamente e economicamente ao presidente Jair Bolsonaro, o apresentador segue o mesmo discurso de minimização da Covid-19 que matou mais de meio milhão de brasileiros em menos de dois anos. Sikêra recebe verba pública federal de R$ 120 mil.
Nos programas de Sikêra – em meio a frases de efeito de defesa deturpada da família e de um conceito de “comunismo” que ele mesmo criou – o apresentador é ovacionado e elogiado por seguidores que, em sua maioria, aprova as declarações e não o confrontam.
A reportagem tenta contato com o apresentador Sikêra Junior desde domingo, 4, mas não obtém retorno.