Jornal ‘The Washington Post’ repercute ataques dos garimpeiros contra as comunidades indígenas no Brasil

A matéria cita a presença do presidente Jair Bolsonaro, a menos de 100 quilômetros da reserva Yanomami, para a inauguração de "uma pequena ponte de madeira" (Reprodução/Arquivo Pessoal)

31 de maio de 2021

07:05

Paulo Bahia e Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – O jornal diário estadunidense “The Washington Post” repercutiu os ataques realizados pelos garimpeiros ao povo Munduruku no município de Jacareacanga, no Pará, e a violência sofrida pelos Yanomami ao norte do Estado de Roraima. Na publicação, o jornal cita a fala de um promotor de Justiça de RR, Alisson Marugal, que disse: “Se nada for feito, os conflitos com os mineiros podem levar a massacres”.

A matéria também cita a presença do presidente Jair Bolsonaro, a menos de 100 quilômetros da reserva Yanomami, para a inauguração de “uma pequena ponte de madeira”, ao longo de uma rodovia federal (BR-307), que liga o município de São Gabriel da Cachoeira ao território Yanomami. A matéria foi publicada na edição da última quinta-feira, 27.

O material afirma ainda que o presidente tem deixado claro a vontade de legalizar a atividade de mineração no País. “The conservative president has been outspoken about his desire to legalize mining in Indigenous territories — something not allowed under Brazil’s constitution — and to promote development in the Amazon.”

“O presidente conservador tem falado abertamente sobre seu desejo de legalizar a mineração em territórios indígenas – algo não permitido pela constituição brasileira – e de promover o desenvolvimento da Amazônia”, diz a matéria que também repercute a fala de Bolsonaro afirmando que é injusto criminalizar o garimpeiro no Brasil.

De acordo com o The Washington Post, promotores federais, ativistas ambientais e de direitos indígenas afirmam que comentários neste sentido vindo do presidente acabou encorajando o garimpeiros por conta do “sentimento de impunidade no País”.

Alisson Marugal, a prosecutor in Roraima state who has investigated clashes on Yanomami land, said from his office in the state capital of Boa Vista that illegal mining has brought prostitution, disease, drug and alcohol abuse and the loss of traditional ways of life“.

“Alisson Marugal, promotor do Estado de Roraima que investigou confrontos nas terras Yanomami, disse de seu escritório na capital do Estado, Boa Vista, que a mineração ilegal trouxe prostituição, doenças, abuso de drogas e álcool e a perda de modos de vida tradicionais”.

The clashes came days after a Supreme Court justice ordered the government to protect Indigenous populations threatened in recent weeks by illegal miners who appear to have been emboldened by support for their industry from President Jair Bolsonaro”.

“Centenas de garimpeiros atacaram policiais que tentavam impedir a mineração ilegal na Amazônia brasileira e invadiram uma aldeia indígena, incendiando casas, informaram procuradores federais do Estado do Pará”, diz um trecho da matéria.

Ataques

As ações contra os Mundurukus ocorreram dia 26 de maio, quando a casa da coordenadora da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn, Maria Leusa Munduruku, foi incendiada por garimpeiros e indígenas pró-garimpo, onde nem mesmo a chegada de policiais federais conseguiu atenuar a agressividade dos garimpeiros.

Já os Yanomami amargaram momentos de terror no último dia 10 de maio, quando 10 pessoas armadas estavam em três barcos munidos com armas pesadas e chegaram atirando contra a comunidade.

The clashes came days after a Supreme Court justice ordered the government to protect Indigenous populations threatened in recent weeks by illegal miners who appear to have been emboldened by support for their industry from President Jair Bolsonaro”.

“Os confrontos aconteceram dias depois que um juiz da Suprema Corte ordenou ao governo que protegesse as populações indígenas ameaçadas nas últimas semanas por mineiros ilegais que parecem ter se sentido encorajados pelo apoio do presidente Jair Bolsonaro a sua indústria”, inicia a matéria no jornal estadunidense.

Matéria publicada na última quinta-feira, 27 (Reprodução/The Washington Post)

Invasões na Terra Indígena

Entre janeiro e dezembro, 500 hectares foram devastados pelo garimpo ilegal na região. O garimpo avançou 30% na Terra Indígena Yanomami em 2020, apesar da pandemia de coronavírus. Além da violência, os Yanomami sofrem também pela contaminação por mercúrio, causada pelo garimpo criminoso em suas terras, e a contaminação por Covid-19. Você pode conferir a matéria completa em ‘The Washington Post‘.