Líder de emissão de CO2 na Amazônia, Pará adere à campanha para zerar gases do efeito estufa até 2050

Um estudo publicado pela ONG Climate Action Tracker estima que as emissões de CO2 das atividades industriais e da queima de combustíveis fósseis fiquem entre 4% e 11%, abaixo das de 2019 (Divulgação/ Greenpeace)

05 de agosto de 2021

20:08

Danilo Alves – Cenarium

BELÉM/PA – Conforme pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), publicada na revista “Nature”, o Sudeste do Pará é considerado o ponto com mais emissão de dióxido de carbono (CO2) e menor absorção da substância tóxica.

Segundo o estudo, a Amazônia brasileira foi responsável por lançar 1.06 bilhão de tonelada de CO2 para a atmosfera por ano em queimadas e desmatamento em um período de oito anos. Apenas 18% das emissões por queimada estão sendo absorvidas pela floresta. Com o objetivo de eliminar a produção de gases que provocam o efeito estufa, o governador do Pará, Helder Barbalho, assinou acordo de adesão do Estado à campanha Race to Zero (“Corrida para o Zero”), movimento das Nações Unidas para conter o aquecimento global até 2050.

O Estado foi o primeiro entre os que compõem a Amazônia Legal a aderir ao programa. A reunião foi realizada, na última quarta-feira, ente o governador, o embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, e o presidente da COP26, Alok Sharma. Os objetivos da campanha pretendem ser almejados através da intensificação de ações de descarbonização, atração de investimentos para negócios sustentáveis e para a criação de empregos verdes. Atualmente, cerca de 30 diferentes regiões no mundo participam da campanha.

Governador Helder Barbalho (MDB) fez entrevista coletiva, após assinatura de adesão à campanha Race to Zero (Foto: Divulgação/Agência Pará).

“É fundamental que nós possamos fazer uma mudança analógica econômica, do modelo em que conflitua com a sustentabilidade e passa para o modelo que gere o desenvolvimento com equilíbrio com a floresta e, acima de tudo, buscando alternativas, como a bioeconomia, para aproveitar da maior biodiversidade que a floresta amazônica possui para ações agroflorestais, seja a indústria de fármacos, de cosméticos, também de biocombustível, gerando emprego e renda para os amazônidas”, disse o governador Helder. 

No Race to Zero, o Pará se juntará a outros Estados de diferentes países do mundo que já integram a campanha, como Califórnia, Nova Iorque, Havaí e Washington, nos Estados Unidos; Catalunha, Madrid e Navarra, na Espanha. Há, ainda, Estados da Suécia, Austrália, Reino Unido, Canadá, Alemanha e Bélgica. No Brasil, o Pará se juntou à campanha com Pernambuco e São Paulo. 

O Pará já possui um programa de política pública chamado de “Amazônia Agora”, que tem como objetivo central cortar em 86% as emissões de GEE do Pará até 2036. O ambientalista Luís Falcone explicou que quando grandes frentes políticas aderem à missão em prol da sustentabilidade, mais oportunidades e divulgação provocam mudanças no comportamento da sociedade.

“A devastação de florestas e queima de árvores são consequências da ação humana, por isso cabe aos gestores públicos de grandes nações encontrarem soluções, principalmente educativas, para que o futuro esteja garantido. O Pará, mesmo com 3416.32 km² de áreas desmatadas só no primeiro semestre deste ano, ainda pode servir de exemplo de recomeço para as demais regiões”, disse.