19 de outubro de 2020

20:10

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Foi lançado nesta segunda, 18, nas plataformas digitais, a obra ‘Covid-19 & Economia no Amazonas’ (Editora Alexa Cultura/EDUA, 2020) dos professores Renan Albuquerque em coautoria com o economista Ivan Lemos. A obra é um levantamento sobre os efeitos da pandemia na economia do Amazonas.

O livro também contou com as participações de duas cientistas interdisciplinares, as professoras doutoras Mariana Baldoino e Rúbia Silene, da Uninorte, além do professor mestre Francisco Alcicley (Ufam – polo Parintins) e do economista João Clovis, também mestrando do PPG-Sociedade e Cultura na Amazônia.

De acordo com Renan Albuquerque, a obra aborda os impactos na cadeia produtiva do Amazonas. “O estrago econômico causado pela Covid-19 permanecerá por até dois anos caso não sejam tomadas atitudes relacionadas a microempreendedores individuais, microempresários e pequenas empresas. É preciso um plano”, alertou.

Eles são a base

De acordo com o cientista, é necessário poder de resolução junto aos micro e pequenos empresários, que são a base da economia. “Tem que haver um plano direcionado para esses três seguimentos, para que esses seguimentos ajudem a retomar e melhorar a atividade econômica manauara e amazonense”, previu Renan.

Para o pesquisador, os micro e pequenos empresários são os primeiros a sentir os impactos negativos por conta da característica inerente. “São os mais afetados porque são aqueles empreendedores que têm pouco poder de poupança e pouco dinheiro em caixa e não conseguem aguentar três, quatro, cinco meses de retração”, avaliou.

“Se as pessoas têm pouco dinheiro caixa, não há como aguentar tanto tempo, nesse caso três, quatro, cinco meses!  Além disso, tem o baixo giro de capital que contribui ainda mais para a retração, tudo isso opera para tornar o cenário mais crítico. Nesse contexto, não tem como as empresas aguentarem”, sentenciou Renan Albuquerque.

Parintins e Itacoatiara

Questionado sobre quais ou qual município além de Manaus sofreu, ele respondeu. “Não fizemos um levantamento em todos os 60 municípios, mas temos dados de Parintins e Itacoatiara, que foram as mais prejudicadas pelo modelo de negócio. São as duas cidades mais afetadas no interior. Uma aposta no turismo e a outra na soja”, observou.

“Parintins vive do turismo que não aconteceu e Itacoatiara vive da soja ancorada em comodities que tiveram alta, mas a circulação dos barcos e barcaças também estagnou”, destacou. “A construção civil teve aumento de preços no Estado e o setor de serviços foi muito afetado pela falta de circulação de pessoas”, informou.

Mas Renan Albuquerque chama atenção para um detalhe. “A pandemia no Brasil piorou o que já estava ruim, a economia brasileira já vinha patinando por conta de uma desindustrialização e com a pandemia esse setor praticamente parou”, acrescentou. “Não vamos melhorar de uma hora para outra”, finalizou.

Sobre a obra

A pesquisa foi desenvolvida durante os primeiros sete meses de espalhamento viral. A constatação de que MEIs e microempresários foram os mais afetados no Amazonas durante a pandemia indica que a retomada econômica do Estado deverá incluir esses entes privados no contexto geral.

“Foram seis cientistas pesquisando juntos durante três meses e meio. Um verdadeiro trabalho em equipe porque revisamos e mensuramos um enorme volume de taxas, índices, variáveis e correlações entre mercado e sociedade”, explicou o professor Renan Albuquerque.

A pesquisa teve apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O livro está sendo distribuído gratuitamente no link: https://ufam.academia.edu/RenanAlbuquerque/Books.