Maior símbolo da resistência indígena do Brasil, Raoni Metuktire tem apoio de celebridades para Nobel da Paz 2020

O cacique Raoni é conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos dos povos indígenas (Reprodução/ Internet)

07 de outubro de 2020

09:10

Luciana Bezerra — Da Revista Cenarium

MANAUS — O resultado final para vencedor do prêmio Nobel da Paz 2020 deve ser anunciado em Oslo, Noruega, nesta sexta-feira, 9. Mas celebridades, ambientalistas, e os povos indígenas da Amazônia retomaram com força total, nesta terça-feira, 6, a campanha nas redes sociais pela entrega do Nobel da Paz ao maior símbolo de resistência indígena do Brasil, Raoni Metuktire, de 90 anos.

A lista deste ano tem em torno de 318 candidatos inscritos. O nome de Raoni foi inscrito por um grupo de brasileiros, em setembro de 2019 para a escolha dos premiados em 2020. Os nomes dos inscritos não podem ser divulgados ao público, como regra da organização do Prêmio.

Vale lembrar que o vencedor do Nobel da Paz pode ser dividido em até três pessoas. Em caso de uma vitória de Raoni, seria a primeira vez na história da premiação que um brasileiro ganharia a distinção de forma nominal e individual. Em 1988, o prêmio foi dado às forças de manutenção de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), das quais o Brasil participa junto com vários outros países.

Trajetória

O cacique dedicou parte da sua vida em defesa da vida indígena, da preservação das florestas e da paz. Mesmo sendo atacado inúmeras vezes pelo presidente do Brasil Jair Bolsonaro (sem partido), nos últimos dois anos, Raoni não interrompeu sua luta em prol dessas três causas, não apenas junto às autoridades brasileiras, mas também, recorrendo ao apoio de outros países. 

Raoni nasceu na aldeia Kraimopry-yaka e rodou o mundo pedindo paz e colaboração na preservação da floresta e dos povos amazônicos.

Raoni e outras lideranças indígenas em momento histórico durante negociações da luta pelos direitos dos índios na Constituição Federal (Beto Ricardo/ Instituto Socioambiental)

Seu ativismo começou na década de 1970, enfrentando a construção da estrada BR-080 e pela demarcação das terras em que vivia seu povo, na aldeia localizada no Parque Indígena do Xingu (a 200 quilômetros de Sinop, no Mato Grosso). Entre 1985 e 1988, Raoni realizou trabalhos de defesa à inclusão dos direitos indígenas na Constituição Federal, além de enfrentar a construção de Belo Monte desde 1989.

O líder Kayapó articulou apoios de lideranças mundiais e celebridades como, a do cantor Sting, em 1987. Mesmo debilitado, ele foi recebido pelo presidente da França Emmanuel Macron, em 2019, que assegurou apoio da França na luta pela proteção da biodiversidade e pelos direitos dos povos da floresta. No mesmo ano, Raoni foi recebido no Vaticano pelo Papa Francisco, que afirmou colaborar com a luta contra a devastação da Amazônia. 

Aos 90 anos, o cacique sobreviveu aos maiores desafios já vividos em toda a sua luta: a morte da esposa, Bepkwyjka, em junho passado; uma infecção intestinal e a contaminação pela Covid-19, em setembro deste ano.

Bekwita e Raoni Metuktire em momento de intimidade (Reprodução/ Internet)

Apesar da força e de todas as dificuldades, Raoni diz que segue buscando pela paz, “enquanto ele aguentar’’, como sempre diz.

Raoni durante sua alta do hospital Dois Pinheiros, em julho passado após se recuperar de uma infecção digestiva (Reprodução/Internet)

Na página do Instituto Raoni nas redes sociais tem o seguinte post: “A vitória no Nobel da Paz será uma importante conquista para todos os povos indígenas do Brasil e do mundo”.

foto publicada no stories do Instagram da atriz Maitê Proença, nesta terça-feira, 6. (Divulgação/ Instagram)

A atriz Maitê Proença demonstrou em seus stories adesão à campanha de apoio ao Nobel da Paz 2020 para o cacique Raoni. A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede) também fez uma postagem nas suas redes sociais apoiando a campanha.

Assista ao vídeo da campanha: