Manaus cai no índice de transparência da Covid-19 entre as capitais brasileiras

Entidade que ranqueia as capitais mais transparentes do país tirou 19 pontos de Manaus (Semcom/Manaus)

24 de julho de 2021

18:07

Linda Almeida – Da Cenarium

MANAUS – Em nova pesquisa divulgada pela Open Knowledge Brasil, na última quinta-feira, 22, a capital amazonense caiu no ranking de índice de transparência de dados e informações sobre a Covid-19 no Brasil. Em dezembro do ano passado, Manaus ocupava o primeiro lugar, mas, devido falha na divulgação de dados coesos sobre o andamento da vacinação, sua pontuação caiu 19 pontos, lhe garantindo o segundo lugar.

Inicialmente, a entidade utilizava um sistema baseado em 26 critérios para pontuar a qualidade das informações das capitais. Assim, Manaus conseguiu atingir a métrica de 100 pontos por vezes consecutivas desde julho do ano passado até dezembro, ficando em primeiro lugar. As lideranças, inclusive, foram destaque da gestão Arthur Neto frente a Prefeitura de Manaus. Já este ano, na gestão David Almeida, em nova pesquisa, a capital caiu para o segundo lugar, com 81 pontos, por falta de transparência sobre a vacinação.

Para isso, a OKBR avaliou o portal da Transparência Covid-19 da Prefeitura sob uma nova metodologia. Agora, dados sobre a quantidade de doses de vacinas recebidas no município, quantas já foram distribuídas nas unidades de saúde e até mesmo se existem seringas disponíveis foram cobrados. Apenas a cidade de João Pessoa (PB) pontuou nesses quesitos. A capital pernambucana é quem lidera o ranking atualmente com 95 pontos. Manaus segue empatado em segundo lugar com Vitória (ES).

Diferente da avaliação anterior, Manaus deixou de pontuar também em quesitos de disponibilidade de testes, leitos gerais e leitos específicos para o atendimento de casos de Covid-19, critérios que vinham sido cumpridos até dezembro de 2020.

‘Gestão de transparência’

Desde o início de seu mandado, o prefeito David Almeida pautou sua gestão pela transparência, dizendo a população que chefiaria o executivo de forma clara e concisa, principalmente no que diz respeito ao trato da pandemia. No entanto, frente a essa queda no principal ranking que avalia esses dados, a confiança nessa transparência parece sofrer um impacto, em especial por envolver o tema da vacinação.

O prefeito de Manaus, David Almeida (Ruan Souza/Semcom)

Em entrevista à Secretaria Municipal de Comunicação, na última quinta-feira, 22, Almeida novamente salientou que “Desde o início da vacinação, nosso objetivo é de que, da maneira mais transparente possível, toda a população se vacine, e em breve esteja imunizada”. Em contra partida, foi neste período, em janeiro deste ano, que as polêmicas em seu governo começaram no que se refere a imunização.

Ainda sobre a queda nos parâmetros da OKBR, o chefe do executivo tentou justificar enaltecendo a própria gestão, “Deixamos de ser a cidade com piores índices, com piores desempenhos, como estava quando o Ministério da Saúde veio até aqui nos 10 primeiros dias de minha gestão, para ser a cidade que, na última avaliação, teve um dos maiores avanços”, disse.

Fura-filas

No entanto, a falta de transparência nesse aspecto foi a primeira polêmica de sua gestão, quando médicas da família Lins ‘furaram a fila’ para se imunizar como profissionais da saúde, após serem nomeadas pelo prefeito em cargos na Secretaria Municipal de Saúde. Ambas foram exoneradas pouco tempo depois.

Em transmissão nas redes sociais, David negou que a imunização das irmãs tenha sido ilegítima (Foto: Reprodução)

Frente a esta crise, a Justiça Federal determinou que a prefeitura de Manaus divulgasse uma lista completa com todas as 6.150 pessoas vacinadas na capital. O pedido foi feito após suspeita de que pessoas que não eram o publico alvo na época estariam tomando o imunizante. Em 24 de janeiro, a lista completa mostrou que o titular da pasta de Limpeza Pública Municipal, Sabá Reis, a secretária da Saúde de Manaus, Shádia Fraxe, e a secretária da Mulher, Assistência Social e Cidadania, Jane Mara Silva de Moraes Oliveira tomaram as doses.

Open Knowledge Brasil

A OKBR avalia 34 critérios em três dimensões analisadas: conteúdo, granularidade e formato, com o objetivo de melhorar os índices da saúde municipal, principalmente no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia de Covid-19.

Dentro da dimensão do Conteúdo, são avaliados quanto aos casos (notificação, óbitos, síndrome respiratória aguda grave – principais agentes etiológicos); perfil dos casos (faixa etária, sexo, doença preexistentes, raça/cor, etnia indígena, população privada de liberdade e profissionais da saúde); vacinação (doses aplicadas, grupo prioritários,  cobertura vacinal dos grupos prioritários, cobertura vacinal da população geral); perfil da vacinação (sexo, raça/cor e etnias indígenas); infraestrutura (testes aplicados, testes disponíveis, doses distribuídas, doses recebidas e adquiridas, seringas e agulhas disponíveis, leitos clínicos e UTI operacionais/ocupados – geral, operacionais e ocupados – Covid-19).

Já a granularidade envolve a base de dados (microdados de casos, microdados da vacinação); localização (casos de Covid-19 por bairro/distrito e vacinação por município). Quanto ao formato, no critério do acesso (visualização – casos, visualização – vacinação, navegação) e de qualidade (formato aberto – casos, formato aberto – vacinação e metodologia).