10 de agosto de 2024
15:08
Isabella Rabelo – Da Cenarium*
MANAUS (AM) – O Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), que mede, em tempo real, queimadas e a qualidade do ar, mostrou índices alarmantes na manhã deste sábado, 10. Segundo os dados obtidos por volta de 9 horas, a cidade de Manaus chegou a 109,7 na escala de poluição, que possui pontuação de 0 a 160. A plataforma classifica o valor como “muito ruim“.
A ferramenta é desenvolvida pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), por meio do Programa de Educação Ambiental sobre Poluição do Ar (EducAIR). Uma das principais funcionalidades do Selva é o monitoramento de queimadas, que se tornaram uma preocupação constante na Amazônia e influenciam diretamente na qualidade do ar.
A escala mede a concentração de material particulado fino por metro cúbico MP2.5 (µg/m³), partículas no ar que possuem um tamanho muito pequeno, menor que 2,5 micrômetros, e são emitidas na atmosfera principalmente através de escapamentos de veículos e grandes indústrias, além de queimadas nas florestas.
Por conta de seu tamanho microscópico, as partículas MP2,5 conseguem ser inaladas facilmente e de forma profunda diretamente para os pulmões. Ao entrar na corrente sanguínea, podem causar doenças respiratórias, problemas cardíacos e até mesmo câncer.
Expectativa de vida
Em matéria produzida pela equipe da CENARIUM no mês de julho, o pesquisador em meteorologia e professor da UEA, Rodrigo Souza, coordenador do projeto EducAir, afirmou que, no Estado do Amazonas, a expectativa de vida é 1,2 ano menor por conta da alta concentração de micropartículas poluentes encontradas no ar.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a concentração média anual de material particulado fino no ar não ultrapasse 5 µg/m³ (microgramas por metro cúbico). No Amazonas, a concentração equivale, atualmente, a 16 microgramas, três vezes mais que o recomendado.
“A gente está falando de partículas que entram nas suas vias aéreas superiores, atingem os seus pulmões e podem ocasionar em condições mais sérias de saúde”, alertou o professor à CENARIUM.
Queimadas
Os índices de queimadas na Amazônia aumentaram significativamente em 107% nos cinco primeiros meses de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Neste ano, o bioma já registrou 10.647 focos de queimadas entre 1° de janeiro e 31 de maio, um aumento de 107% em relação ao mesmo período do ano passado e um número 131% superior à média dos três anos anteriores para este mesmo período. Em 2023, a capital atingiu o terceiro pior nível de ar no mundo. O nível atingido é considerado “perigoso à saúde”, segundo a IQAir, base de dados colaborativa que registra as condições do ar.
Assista ao vídeo repercutido pela CENARIUM no Instagram: