‘Meu orgulho é ter 28 anos e estar viva’, afirma trans no Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+

Nesta segunda-feira, 28, é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. (Reprodução/Internet)

28 de junho de 2021

07:06

MANAUS- Nesta segunda-feira, 28, é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. A data, mundialmente comemorada, marca as lutas políticas pelos direitos civis da comunidade, reconhecimento, respeito à diversidade e orgulho de ser quem é sem medo e constrangimentos.

Neste dia em especial, a CENARIUM reuniu falas de algumas pessoas da comunidade LGBTQIA+ que compartilharam conosco o motivo do orgulho, que carregam consigo não só no mês de junho, mas durante toda uma vida.

Para a empreendedora e transexual Louise Costa, de 28 anos, o principal orgulho é vencer o medo diário da violência e de ter se tornado parte da violenta estatística que o Brasil lidera contra a comunidade T, sendo o País que mais mata transexuais e travestis no mundo.

“Meu orgulho é ter 28 anos e estar viva, já que no Brasil a estimativa de uma mulher trans é de apenas 35 anos. E olha que com apenas 28 anos já vi muitas amigas morrerem antes dos 20, e, com todas as dificuldades, com todos os preconceitos, eu jamais deixaria de ser quem eu sou, pois sou feliz assim. E isso não é só por mim, é pelas manas que eu já enterrei e por todas as manas que estão vindo aí”, ressalta Louise.

Para a transexual e presidenta interina da Associação de Travestis, Transgêneros e Transexuais no Amazonas (Assotram), a historiadora Michele Pires, o orgulho vem da autopercepção e da resistência cotidiana frente a uma sociedade homofóbica e estruturalmente machista.

“Eu tenho orgulho da minha identidade, da nossa força, da nossa resistência referente aos obstáculos que a sociedade transfóbica e LGBTfóbica levanta nossos corpos. Orgulhem-se de vocês também! Sejam resistência e vamos adiante”, pontua Michele.

Dia 28 de junho é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ (Reprodução/ Internet)

“Não somos indecisos, somos livres”

A universitária e bissexual Daniela Silva de 28 anos, ostenta o orgulho de se relacionar abertamente sem se prender ao que ela chama de padrões. Ela fala abertamente sobre a bissexualidade, que ela afirma ser tão inviabilizada pela sociedade.

“Sou bissexual e por algum tempo tinha medo de falar sobre isso, pois a maioria das pessoas me tinha como indecisa. Quando compreendi que isso é algo que só diz respeito a mim e que eu poderia ser livre para amar e me relacionar sem depender da aprovação alheia, foi uma libertação em minha vida. Entendi que eu me atraio por fatores que vão além e sou feliz assim. Hoje falo sobre o assunto e não tenho vergonha disso, acho até que a bissexualidade precisa ser levada a sério e respeitada assim como todas as outras. Não somos invisíveis e nem indecisos, somos o que somos e pronto”, compartilha a universitária.

“Orgulho de resistir historicamente”

Para a ativista Drag Queen amazonense Aurora Boreal, o orgulho vem da luta pelo amor livre, respeito e equidade. “As pessoas perguntam do que tanto as pessoas LGBTQIA+ têm tanto orgulho? bom, eu digo que nós temos orgulho de sermos pessoas que resistem e que insistem todos os dias para sermos quem somos e para amar quem escolhemos amar. Esse é um direito nosso e, infelizmente, muitas pessoas ainda tentam dizer o contrário”, afirma Aurora.

Ela também atenta para os caminhos árduos percorridos para obterem direitos básicos como o polêmico uso do banheiro, a retificação do nome social, o direito à adoção e outras questões que são pautas de longas batalhas da comunidade.

“Esses ainda são direitos que nós estamos conquistando, lutando e muitos querem nos virar as costas como se fôssemos dignos. Mas nós nadamos contra a maré, nadamos a favor do amor, do respeito, da equidade. E, é por isso, que eu, Aurora Boreal, tenho muito orgulho de ser drag queen, de ser preta, ativista LGBTQIA+. Não me faltam motivos para ter orgulho e você que também é, não tenha dúvidas, se orgulhe hoje e sempre e viva nosso dia!”, celebra a amazonense.