No AM, jovens de 20 e 49 anos viram alvo fácil da Covid-19 e somam 16% dos óbitos pela doença

O dado reflete a mudança de perfil dos pacientes acometidos pela doença durante a pandemia do novo coronavírus (divulgação/Agefis)

30 de março de 2021

12:03

Ana Carolina Barbosa

MANAUS – No Amazonas, 16% dos óbitos por Covid-19 tiveram como vítimas pessoas com idade entre 20 e 49 anos, segundo o portal da Transparência do Governo do Amazonas. O dado reflete a mudança de perfil dos pacientes acometidos pela doença durante a pandemia do novo coronavírus e que, segundo autoridades em saúde, está diretamente ligado ao comportamento da população mais jovem.

Em Manaus, por exemplo, são constantes os flagrantes de desrespeito às orientações sanitárias para conter o avanço da pandemia, como festas clandestinas que geram aglomerações e o desprezo pelo uso da máscara e do álcool gel antisséptico 70%.

O elevado número de mortes nessa faixa etária ocasionado em parte pela ausência do distanciamento físico, medida essencial para quebrar a corrente de transmissão do vírus, vem acompanhado também de percentual expressivo de contaminados pelo coronavírus no Estado, que hoje já chega a 60% nesse grupo específico. O de hospitalizações também assusta: 31,65% de todos os pacientes que necessitaram de internação tinham esse perfil.

Ranking de casos, internações e óbitos por Covid-19 por faixa etária (Reprodução/Portal da Transparência do Estado)

Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) apontam que ações de fiscalização para coibir aglomerações flagraram, só na última sexta-feira, 26, três estabelecimentos descumprindo o horário de funcionamento previsto em decreto (20h) e as medidas sanitárias de prevenção à Covid-19. As autuações foram aplicadas pelos órgãos que integram a Central Integrada de Fiscalização (CIF), coordenada pela Secretaria. Uma festa clandestina no bairro Petrópolis, zona Sul, foi encerrada e o organizador preso.

Enquanto isso, autoridades em saúde enfrentam o desafio de conscientizar a sociedade sobre o comportamento adequado durante a pandemia, especialmente diante da flexibilização de medidas restritivas visando dar fôlego à economia e que tem como termômetro indicadores como taxas de internação, de contaminação e de óbitos, além da classificação do Estado na tabela que determina o grau de criticidade do período, atualmente, o Estado está na fase laranja da pandemia, que demonstra risco moderado de contágio.

A manutenção da taxa de transmissão do vírus (Rt) abaixo de 1,00 no Estado, também está no hall de prioridades, de forma a atender às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em janeiro, quando o Amazonas enfrentou o segundo pico da pandemia e registrou aumento substancial de internações e mortes por Covid-19, a taxa Rt, calculada pelo Loft Science, era de 1,31. Hoje, está em 0,92.

Comparação de dados de acordo com os Estados, mostrando a última estimativa (Reprodução/Loft Science)

O indicador traduzido aponta que, antes, cada grupo de 100 pessoas contaminadas tinha capacidade para transmitir para até 131. Hoje, essa capacidade caiu para 92. Em contrapartida, no Brasil, a taxa Rt está em 1.05, diretamente ligada ao colapso da rede de saúde em alguns Estados.

Dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), instituição do Governo do Amazonas responsável por compilar as informações sobre a pandemia, mostram que até o dia 28 de março, o Estado acumulava 345.810 casos e 11.952 óbitos pela Covid-19.