No AM, Sindicato nega paralisação de hospital, cita falta de EPIs, e Susam mostra documentos

O Sindicato dos Profissionais de Saúde do Amazonas desmentiu a informação de paralisação no Hospital 28 de Agosto (Aldo Leão)

26 de abril de 2020

18:04

Paula Litaiff e Nícolas Marreco – Da Revista Cenarium*

MANAUS – A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do Amazonas (Sindpriv), Graciete Mouzinho, negou que os enfermeiros do Hospital Pronto Socorro 28 de Agosto, na zona Centro-Sul de Manaus, planejem parar o atendimento aos pacientes nesta segunda-feira, 27, e falou que haverá um ato de protesto por deficiência de equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais da unidade hospitalar.

A paralisação no ’28 de Agosto’ foi disseminada nas redes sociais e classificada de fake news – notícia falsa – pelo governo do Amazonas. A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informou que não há falta de EPIs para os profissionais do hospital e apresentou protocolos diários deste mês com os registros de entregas dos equipamentos de proteção aos funcionários da unidade hospitalar. A REVISTA CENARIUM divulga parte da documentação abaixo.

Questionada sobre a situação dos equipamentos de proteção aos profissionais do ’28 de Agosto’, a presidente Sindpriv insistiu na falta de segurança dos profissionais. “Tem que haver EPIs para todos, chegar na mão dos profissionais e durar um dia ou uma semana. Tem que ser até a pandemia acabar”, disse.

Graciete informou que o horário escolhido para o ato de protesto no Hospital 28 de Agosto é durante a troca de turnos pela manhã, por volta das 7h. “Isso ainda não é uma paralisação”, afirmou a sindicalista.

Funcionário polêmico

Durante o fim de semana, o técnico de enfermagem efetivo do Hospital 28 de Agosto, Gerson Mauro Nunes Bastos, fez viralizar na internet um vídeo na qual ele aparece com os pés cobertos por sacos plásticos, alegando que a Susam não estava fornecendo material de proteção aos profissionais da unidade hospitalar e disse que haveria paralisação no hospital nesta segunda, 27. Procurado pela REVISTA CENARIUM nas redes sociais, ele não respondeu.

A reportagem obteve informações e documentos de que Gerson costuma faltar o trabalho, antes mesmo da pandemia da Convid-19 iniciar no Amazonas. O hospital é uma das unidades que tem portas abertas para a admissão de pacientes com sintomas de COVID-19 e, por ser uma das maiores do Estado, tem recebido, sistematicamente, EPIs de modalidades diversas, segundo a Susam.

De acordo com funcionários que trabalham no ’28 de Agosto’, os EPIs são entregues pessoalmente aos profissionais em ocasiões programadas. Como Gerson Mauro faltou ao trabalho dez dias este mês, sem justificativa, e outros sete com a apresentação de atestado médico, ele não compareceu para receber as máscaras N95.

Sobre a falta de EPIs, um vídeo gravado por uma funcionária do hospital, que entrou em contato com a reportagem, mostra que foram entregues pela Central de Medicamentos (CEMA), no dia 24 deste mês, 1,6 mil aventais cirúrgicos, sete mil máscaras de modelos variados e 100 ‘face shield’ (protetores faciais/viseiras). A profissional tomou a iniciativa por repudiar a postura do técnico, que compromete a equipe de enfermagem.

Sempre ausente

Outra informação repassada à REVISTA CENARIUM é que a entrega de máscaras e demais EPIs aos setores é assinada e protocolada na unidade hospitalar, para melhor controle e uso racional dos equipamentos. Em abril, pelo menos em sete datas diferentes, ocorreu a reposição dos produtos. Dias 5, 6, 7, 8, 10, 11 e 14. Desses, apenas nos dias 11 e 14, Gerson estava no hospital. Nos demais dias, ele estava ausente amparado em atestado médico ou sem apresentar justificativa.

Um documento assinado pelo próprio técnico de enfermagem no dia 23 de março mostra que ele estava inserido na lista de profissionais para a solicitação de reposição de máscaras N95. A reportagem não obteve retorno de Gerson Nunes até o fechamento da matéria neste domingo, 26.

(*) Com informações da Assessoria de Imprensa da Susam