No Pará, União Brasil pode causar ‘debandada’ de deputados de olho em 2022

Da esq. para dir.: Celso Sabino, Eliel Faustino (DEM), doutora Heloisa (DEM), Hilton Aguiar (DEM), Olival Marques e Nilton Neves (Arte: Ygor Barbosa)

13 de outubro de 2021

19:10

Rômulo D’Castro – Da Cenarium

ALTAMIRA (PA) – No Pará, as duas siglas que agora formam o partido União Brasil têm quatro deputados estaduais: três pelo DEM e um pelo PSL. A CENARIUM consultou o cientista político André Luis Buna, mestre em Ciência Política e integrante do Grupo de Instituições Políticas da Universidade Federal do Pará (UFPA), para analisar os impactos da criação de um novo partido quando já se voltam os olhares para a campanha de 2022.

“Ao contrário do que muitos estão pensando, a criação do partido não vai somar um maior número de deputados e senadores. Até 30 parlamentares poderão se desfiliar ou ser convidados a se desligar da nova sigla [por questões ideológicas partidárias]. Até mesmo se cogitou a possibilidade de expulsão”, disse reforçando que o grande beneficiado com esse novo partido seria o Partido Progressista (PP), do qual o presidente Jair Bolsonaro já fez parte. “Há possibilidade de que o PP se torne o maior partido da Câmara Federal”, o que também beneficiaria os parlamentares filiados no Pará.

Celso Sabino, deputado federal escolhido como presidente do partido União Brasil, no Pará (Reprodução)

André Buna também acredita que “não há garantia de que esses parlamentares permanecerão no União Brasil”. “A decisão [de criação do partido] é nacional, tomada pelas lideranças nacionais que nem sempre respeitam as opiniões das lideranças regionais”, reforçou.

O cientista completa ainda que essa falta de comunicação com municípios e Estados, longe dos grandes centros onde as decisões são tomadas, podem resultar em debandadas, como no caso de Celso Sabino. “Ele tinha um desejo de liderança dentro do PSDB [partido pelo qual foi eleito, em 2018], e encontrou no PSL essa oportunidade, e conseguiu. Tanto que, hoje, ele é presidente do União Brasil, no Pará”, explicou o André.

Buna encerra ainda analisando que “por uma simples competição, esses novos partidários podem ter uma disputa interna”. Se sentirem uma dificuldade ou rejeição, vão buscar um partido para facilitar sua permanência no Congresso ou na Casa Estadual”, finalizou.

Ideologias

Visto como um partido de direita, o União Brasil pode esbarrar em dificuldades por causa de ideologias, mas a “onda bolsonarista” pode dar outros caminhos para a nova sigla. Sobre os impactos que a criação poderia causar diretamente ao atual governo paraense, comandado por Helder Barbalho (MDB), Buna observa o seguinte cenário.

“A campanha hoje é permanente, então a gente não vê nenhum candidato com capacidade de disputa. Aparentemente, o governo do Estado está só nessa disputa”, pontua o cientista que soma isso à alta aprovação do atual governo estadual, impulsionada pela campanha de combate à pandemia da Covid-19, fazendo frente ao próprio presidente da República.