‘O que está acontecendo em Manaus é uma mutação viral’, diz infectologista de São Paulo em live

O médico também destaca também que a situação na cidade é preocupante. (Reprodução/Internet)

10 de janeiro de 2021

14:01

Victória Sales

MANAUS – Durante uma live transmitida pelo Instagram da jornalista e apresentadora de TV, Leda Nagle, neste fim de semana, o médico infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Francisco Cardoso, destacou que a pandemia em Manaus passa por uma fase de mutação viral.

“Tenho certeza que o que está acontecendo em Manaus é uma mutação viral. Inclusive acho que o Ministério da Saúde tinha que fazer sequenciamento genético dos internados lá. Pois na minha opinião é reinfecção e evolução viral”, disse o médico.

De acordo com Cardoso, que também é presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP), a situação é preocupante. “Pode ser um vírus mutante. Se fosse eu, isolaria a cidade para que possa ser feito um estudo mais controlado do que está acontecendo, porque foi de repente”, detalhou.

Críticas

O especialista ressaltou que a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) poderia ter feito intervenções. “A cidade vinha controlada, com taxa de rebanho normal e de repente a bomba estourou. Ao invés da Sociedade de Infectologia se preocupar com esse tipo de coisa, ela ficou fazendo política com membros”, criticou.

Ainda segundo Francisco, Manaus não precisaria aderir ao Lockdown. “O prefeito e o governador precisam tratar toda a população de forma precoce para que seja evitado o caos. Tratar a população nas primeiras 12 horas de sintomas para que seja diminuída a taxa de internação nos próximos 15 dias”, destacou.

Vacina

No vídeo, Francisco destaca que a Coronavac seria a vacina mais segura de todas, no quesito “efeito adversos”. “As vacinas com vírus inativados, ou seja, com vírus morto, geraram anticorpos e esse anticorpo vai lhe “proteger” da contaminação. Isso é a vacina, uma medida preventiva para você evitar ou mitigar uma infecção”, ressaltou.

“Caso você adquira a infecção, ainda que ela não seja tão grave quanto seria, se você não tivesse nenhuma proteção no organismo, sofreria reações. Nas vacinas, com vírus morto tendem a causar menos efeito adverso, então a Coronavac seria a melhor delas”, disparou Cardoso.

O médico ainda faz um alerta sobre a falta de transparência dos estudos da vacina. “Não adianta o governo de São Paulo publicar, após vários adiamentos, que a vacina tem 78% de eficácia em casos leves e 100% contra casos graves. A gente não viu os estudos, nós precisamos dos estudos publicados para poder analisar criticamente”, finalizou o médico.

Nova variante

A entrevista do infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas anteviu a descoberta do governo do Japão, que neste domingo, 10, afirmou que viajantes oriundos da Amazônia, detectaram uma nova variante da Covid-19. No entanto, o Ministério da Saúde japonês não revelou maiores detalhes sobre a localização exata de origem dos turistas.

Com informações dos quadros clínicos de saúde, a pasta governamental japonesa determinou o perfil dos pacientes diagnosticados com a nova variante, confira:

  • Um homem com cerca de 40 anos que chegou ao Japão sem sintomas, mas que, posteriormente, foi internado com dificuldades para respirar;
  • Uma mulher com cerca de 30 anos, com dores de cabeça;
  • Um jovem de idade entre 10 e 19 anos, com febre;
  • Uma jovem também com idade entre 10 e 19 anos, assintomática.

O Instituto Nacional de Doenças Infecciosas (NIID, na sigla em inglês), ligado ao governo japonês, explica que se trata da variante B1.1.248 com 12 mutações na proteína de pico. Ela é semelhante aos vírus encontrados na África do Sul e que geraram preocupação por parte de autoridades de saúde pela alta capacidade de disseminação.