Óleo de cozinha tem aumento de 81% nos últimos 12 meses, no Pará

A comerciante Cláudia Maia precisou reajustar o preço dos salgados que vende, em Belém (Foto: Danilo Alves)

02 de agosto de 2021

20:08

Danilo Alves – da Revista Cenarium

BELÉM (PA) – Toda a semana, a comerciante Cáudia Maia, 40, utiliza pelo menos 15 garrafas de óleo de soja para fritar os quitutes que vende em seu estabelecimento, localizado no bairro da Cremação, em Belém. No último ano, ela sentiu grande diferença no preço do produto na hora de fazer as compras. Conforme pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), esse foi um dos itens da cesta básica paraense que mais teve aumento em 2021: cerca de 81%.

O produto era comercializado, em junho de 2020, a R$4,84 e subiu para R$8,79, nos últimos 12 meses. Uma diferença de R$3,95, de acordo com o Dieese. Para se adequar à realidade de uma cesta básica com itens acima da inflação, no final do ano passado, Claudia precisou aumentar o valor dos salgados de R$3 para R$5. “Eu compro o óleo de cozinha no atacado, mas mesmo assim o preço é um absurdo. Antigamente, eu utilizava cerca de 20 garrafas, mas precisei economizar na hora da fritura”, comentou a comerciante. 

A comerciante Cláudia Maia precisou reajustar o preço dos salgados que vende, em Belém (Foto: Danilo Alves).

De acordo com o diretor técnico do Dieese/PA, Roberto Sena, a cesta básica no Pará ficou, em média, 14% mais cara no último ano. O levantamento, divulgado pelo instituto nesta segunda-feira, 2, apontou que os itens básicos da alimentação do paraense estão, pelo menos, 5% acima da inflação. Além do óleo de cozinha, o arroz e a carne bovina foram os produtos que mais sofreram reajuste. 

“Para quem ganha um salário mínimo [R$1.100], o trabalhador gasta cerca de 60% do que ganha só para se alimentar. Imagina para quem é profissional autônomo. Antes, os paraenses conseguiam adquirir todos os 12 itens da cesta básica, agora eles precisam escolher a dedo as prioridades”, explicou Sena.

Para o economista Samuel Bezerra, o aumento no preço da cesta básica está diretamente ligado ao da inflação e ao reajuste dos combustíveis, que chegou ao oitavo aumento em sete meses. Diversos produtos sofreram mais de 10% de reajuste.

“Basta ir ao supermercado para comprovar. Isso também acontece por conta da alta procura por esses alimentos durante a pandemia. Um terço da população está recebendo o Auxílio Emergencial e utilizando o valor para despesas do dia a dia. A alta do dólar também é um fator: com a moeda valorizada, fica mais vantajoso exportar do que vender no mercado nacional – da mesma forma que fica mais caro importar esses itens”, contou.